quarta-feira, 1 de julho de 2009

FALANDO DE CACHORROS

Em primeiro lugar, quero registrar aqui o meu protesto e inconformismo com esse negócio de chamar de "cachorro" o homem que não presta. Muito mais justo, muito mais razoável, seria chamar de "homem" algum raríssimo cachorro de má índole.

Peço desculpas, também, por abordar este tema, mas não se trata das gracinhas, das peraltices, da esperteza, da inteligência e da fidelidade de Phobe e Scarlet, minhas "netas postiças", eis que os filhos não se resolvem a me conceder o privilégio de ser avô.

Dizia Nelson Rodrigues que, sem sorte, não se chupa um simples chica-bom até o fim pois, antes disso, ele escapa do palito e bate no chão. E sorte é necessária a todos, sejam os humanos, sejam os animais.

No domingo cedo, levei as minhas cachorras para o pet shop, em seu banho quinzenal . Elas, com a minha habitual pouca modéstia, face à parte que me cabe na história, nasceram com o bum-bum para a lua. Carinho, cuidados, passeios, alimentação farta e de qualidade, enfim, um vidão.

Poucos não são, infelizmente, os cães que nasceram e sobrevivem sem essa mesma sorte . E não me venham com essa conversa de " e as crianças abandonadas ? " Pois eu reponderei : " sem dúvida . E, a propósito, o que você faz pelas crianças abandonadas ? " . Quase certo que nada, portanto, fica na sua.

Fato é que tenho muita pena dos cães "de rua" e a maior admiração por quem cuida deles, assim como também tenho, é óbvio, a maior admiração pelos que cuidam de crianças idem.

Voltando ao pet shop, enquanto eu esperava as minhas cachorras ficarem prontas, chegaram duas mulheres que me pareceram mãe e filha, acompanhadas por um cachorro com aspecto de ser o mais vira-lata dos vira-latas : porte médio, tinha aspecto de ser um primo de quinto grau de um pastor alemão. Magro, pouco pelo, uma carinha de dar dó. A veterinária de plantão tinha ido fazer alguma coisa na recepção e começaram a conversar, as donas do totó e ela.

Encontraram o bichinho no sábado à noite, vagando pela rua e tiritando de frio. Condoídas com a situação do animal, o chamaram e ele veio, muito dócil e humilde. Acabaram levando-o para casa, lhe alimentaram, deram água e fizeram um cantinho aquecido para ele dormir na área de serviço.

No domingo de manhã, lá estava o bichinho, olhando para elas, como se pedindo," fica comigo ? " . Diante da cena, que seres desalmados seriam, caso resistissem ao comovido apelo ? E tomaram a decisão : " Pronto, é nosso ! " . A primeira providência foi levá-lo ao veterinário e era o que estavam fazendo. Fiquei ouvindo mais um pedacinho da conversa e , numa vistoria em dentes e gengivas, sua idade foi estimada em dois anos. Àquela altura, o totó até há pouco abandonado, se havia transformado num astro, todos os donos e donas de cahorros que estavam por ali, a lhe fazer afagos . Mas, o lance que então testemunhei, foi comovente. A senhora que estava com ele, se sentou numa cadeira. Ele olhou, foi em direção a ela e deitou-se em cima dos seus pés, como a querer garantir que ela não iria sumir no meio daquele pessoal. Muito lindo não é ? Depois, se dirigiram à sala de exames e eu só pude me despedir, desejando a elas e ao cachorrinho que fossem muito felizes. Só sei o seguinte, cachorros são mesmo seres especiais, por isso adoro eles.


OBSERVAÇÃO: " Polegar Para Baixo" e "Polegar Para Cima" estarão de volta amanhã, dia 2 de julho .