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Por outro lado, se o elo que existe entre a gente e o que ocorre no mundo é representado pelo jornalismo, como fazer ? Nos alienamos inteiramente e "tapamos" os olhos e os ouvidos, numa alienação absoluta ? Não creio ser o mais adequado.
Daí, considero ser, no Código de Ética do jornalista, o seu mais importante aspecto, o compromisso com a verdade. Não me refiro, evidente, às questões opinativas ou subjetivas pois, aí, a pluralidade de pensamento fundamenta a própria essência da liberdade. Refiro-me a fatos concretos . Pela linha editorial do veículo, ou por questões de antipatia pessoal, ou para vender mais exemplares nas bancas, não me posso permitir uma manchete apregoando : "Deputado petista mata quatro jovens" . Nossa, você lê aquilo e fica perplexo : " Foi numa discussão ideológica ? ou, quem sabe, um crime político ? terá sido numa briga ? Tiros, facadas, socos e ponta-pés ? Que assassino terrível esse sujeito ! Aí, você começa a ler o texto, letrinha miúda, e constata que as mortes decorreram de um acidente de trânsito, onde o deputado petista que dirigia o veículo, na verdade, foi abalroado por uma carreta que atravessou o canteiro que dividia as pistas e, subitamente, atingiu o automóvel do parlamentar, vitimando quatro rapazes, amigos de seus filhos.
Bem, distorção tão extrema como esta, ainda não cheguei a ver, mas quase, já vi sim. E, é muito ruim, pois produz uma desagradável sensação de insegurança nos que apreciam se sentir bem informados. Acredito ? será verdade ? Há exagero na notícia ? E, como confirmar o conteúdo de um texto ? Procurando a mesma notícia em diferentes veículos ? Vá lá , ajuda, mas não é o suficiente. Até mesmo, em razão de determinadas notícias serem destaques em um único jornal, por exemplo.
Ontem, domingo, pego O Globo e vejo, em sua página frontal, uma enorme fotografia de um submarino, e a chamada ao lado : " País paga mais caro por submarinos " . Ora, penso eu, mais uma sacanagem , nem me espanto, tantas elas são. Aí, começa a notícia " O Brasil vai gastar 6,7 bilhões de euros num pacote que inclui a compra de cinco submarinos franceses, preço dez vezes maior do que o oferecido pela Alemanha, relata José Meirelles Passos. ( Permitam-me a observação, "preço DEZ vezes maior que o oferecido pela Alemanha ? Pera aí, no Brasil de hoje, se falassem em dez, vinte que seja, por cento de comissão, ou de corrupção, lamentavelmente não causaria espécie, mas DEZ VEZES MAIS ??? ) . Daí, segue a notícia : " No acordo, a França reafirma seu apoio ao Brasil por uma vaga no Conselho de Segurança da ONU " . ( Relevem este outro parenteses : " Cacilda, o Brasil está pagando 6 bilhões de euros por esse voto favorável da França ao nosso ingresso no Conselho de Segurança da ONU ? Esta é uma obsessão que vem do tempo do FHC e não alcanço bem o seu sentido, pois, "na hora da verdade", manda quem tem armamento nuclear em peso, ou já esqueceram que o Bush, como o deputado gaúcho, se lixou para a opinião pública mundial, para a ONU, o seu Conselho de Segurança e o escambau, na hora que resolveu invadir o Iraque ? E, quanta coisa boa poderia ser feita por aqui com 6 bilhões de Euros ... ) . Segue a notícia : " O governo do Brasil está prestes a adqurir da empresa estatal francesa ( Olha eu aí novamente : ao que eu sempre ouvi falar, as estatais, nas pessoas dos seus dirigentes, com honrosas exceções, costumam RECEBER propinas, não PAGAR ) DCNS ( Direction des Constructions Navales Services ) quatro submarinos convencionais, da classe Skorpène, mais o casco - um pouco maior - de uma quinta embarcação desse tipo, pagando dez vezes mais caro que uma oferta . ( Aí, já temos : o "custo do voto" da França e o casco " um pouco maior ", sei lá quanto custa o casco "um pouco" maior de um submarino ) . Continuemos : " Anteriormente, a empresa privada alemã HDW ( Howaldtswerk Deutsche Werft ) oferecera um pacote semelhante por um décimo do preço. A justificativa para o negócio com a França custar 6,7 bilhões de euros - contra 670 milhões de euros cobrados pela firma da Alemanha - é a de que o pacote incluirá a construção de um estaleiro e de uma base naval, na área de Itaguaí, no litoral do Rio de Janeiro " . ( Perdão, não entendo "pinicos" de submarinos, estaleiros e bases navais . Mas o negócio com a França e o proposto pela Alemanha, não são iguais, como sugeriu O Globo no título de sua matéria : os submarinos franceses são maiores, há um estaleiro e uma base naval no negócio, além do tal "compromisso de voto" . Bem, quanto custa isto, não sei, mas alguma "coisa" que não é pouca, deve custar. O "vai pagar dez vezes mais pelo mesmo objeto" é mentiroso, ou não é ? Mas a "forçada de barra" não termina por aí. Vai constar na transação a tão famosa "transferência de tecnologia" , objeto central de discussões, nessa portentosas operações e que, qualquer lorpa sabe, quando é aceita, não custa barato. O Globo ainda acusa a existência de uma "estratégia" montada para fugir à Lei de Licitações : o estaleiro e a base naval serão construídas pela empreiteira Odebrecht.
Defende-se o ministro Jobim : "Nós compraremos um pacote pronto - submarinos, transferência de tecnologia, estaleiro e base naval . Quem vai construir para a francesa DCNS, é problema dela, não nosso ".
Pois muito bem, não estou aqui para defender o ministro Jobim, o Ministério da Marinha, nem o governo Brasileiro. Vai rolar sacanagem no negócio ? Não sei, não duvido nada, mas não sei . A minha bronca é o Globo "titular" algo como : "O Governo vai pagar dez vezes mais por automóveis Zero Km. marca tal, modelo tal, equipamentos tais, que irá comprar para uso no serviço público " . Aí, você se dá ao trabalho de ler as letrinhas miúdas e vai vendo que "não é bem assim" , isso é péssimo, pois dá ao leitor o direito de passar a "confiar, desconfiando". E, não se trata de um caso isolado. Os melhores e mais reputados jornais têm esse hábito de torcer a verdade, para atingir os seus alvos. Gostaria de poder ler os jornais "ACREDITANDO" no que me contam, estou errado ?