terça-feira, 30 de junho de 2009

O BRASIL HOJE


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Já disse aqui que sou ouvinte habitual de rádio, coisa mais antiga, não é mesmo ? Concordo, me desculpo, só que não vou mudar. E, não pensem que fico, como deveria, sintonizado numa FM curtindo música clássica ou a boa MPB . Nada disso. Estou sempre ligado nos noticiários pois, esqueci de contar, sou masoquista, e, como tal, me alimento de ouvir as "novidades", em especial as políticas, para me aborrecer .

Sendo os rádios inteiramente portáteis, costumo carregar o meu pelos quatro cantos da casa e lá vou eu tomando conhecimento dos escândalos, dos desdobramentos dos escândalos, dos novos escândalos ( eis que dos velhos escândalos não se têm mais notícias, eles são voláteis, simplesmente desaparecem com o tempo ) .

Dia desses, em meio a uma chuveirada, escutei uma análise feita por um sociólogo, cujo nome eu me desculpo por não ter gravado, que dividia o Brasil em três grandes grupos :

O primeiro, é formado pelo se convencionou chamar de classe dominante e é constituído por políticos no poder, grandes empresários que desfrutam de formidáveis negócios com o governo, de forma direta, via contratos altamente "inflados" ( empreiteiras, prestadoras de serviços, etc. ) , ou indireta, via empréstimos, favorecimentos fiscais, legislação francamente camaradas ( bancos, indústrias, agronegócios, etc. ), funcionalismo público de nível elevado, idem nas empresas estatais, a mesma coisa no Poder Judiciário e por aí vai. Esse grupo é escancaradamente governista, pois qualquer mudança no status quo poderá colocar em risco os seus mirabolantes privilégios.

O segundo , é formado pela classe média, notadamente a superior, mais bem informada, a imprensa, os militares e os pequenos empresários, inclusive os da área rural. Esse grupo se revolta, troca e-mails , denuncia, se rebela, tenta não pagar impostos pois, não sem razão, não usufrui nada, em termos de retorno do dinheiro que lhe é subtraído pelo fisco.

Já o terceiro, mais conhecido por "povão" , faz "tabelinha" com a classe dominante, numa espécie de coreografia sociológica de um inusitado pas-de-deux, e ambos apoiam, embora por motivos diferentes, o presidente da República e o "jeito Lula de governar" . E, quanto ao pessoal que anda espremido entre elite e povão, eu nessa, não adianta espernear.

" O Cara ", se resolver calçar os sapatos com os pés trocados, vira moda ... . Não adianta ficarmos mandando e-mails debochando dele, mostrando seus pés, etc.

Agora, o pior não é isso. O pior é que só duas coisas serão capazes de abalar seriamente o prestígio do Lula junto ao povão : o desemprego e a inflação, de preferência, conjugados. É um negócio na base do "se correr o bicho pega, se ficar o bicho come " . Passei a minha mocidade inteira torcendo contra a inflação e a favor do emprego, e agora vou dar uma de petista antes de assumir o poder e ficar torcendo para a desgraça ? É complicado !

Quanto à elite dominante, com essa o Lula não se mete, a não ser para lhes oferecer afagos, que ele não é bobo de meter os seus quatro dedos em combuca.

Sendo assim, o remédio é prepararmos o fígado para mais uns bons anos de Lulismo por aqui. Haja Eparema !!! .

Para mim, a análise é consistente. Uma importante questão, no entanto, deve ser considerada. A corrupção, o nepotismo, o mal uso dos recursos públicos, em dimensão jamais vista neste país, como bem assinalou o Ministro Mangabeira Unger ( hoje de saída ), corroem como cupim a estrutura do Estado e pode colocar em sério risco as próprias Instituições, com desdobramentos imprevisíveis.


Observação : O "polegar pra cima" e o "polegar pra baixo" voltarão na quinta-feira .