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Voltemos aos primórdios dos cartões de crédito no Brasil, quando apenas a "odiosa elite" tinha acesso a eles.
Um casal de amigos, Regina ( cunhada do Francisco ) e Dálton, não chegavam a um acordo sobre ela ter um cartão de crédito. " Você perde tudo, vai perder o cartão, dizia o Dálton ". " Não vou perder nada, prometo tomar todo o cuidado, insistia a Regina ". Bem, quando a mulher quer uma coisa, haja paciência, e o Dálton acabou cedendo.
Não demorou muito e se deu a tragédia anunciada : a Regina perdeu o tal cartão ( naquela época, as pessoas perdiam as coisas, hoje, são assaltadas ).Uma perda de cartão de crédito já havia resultado em grande confusão com o pai da Regina, caso que acabou sendo objeto de discussão na Justiça. Bem, imaginem o Dálton, quando recebeu a notícia !
E, seguiu-se aquele trololó de telefonar para a administradora, cancelar o cartão, etc. Acontece que a Regina só havia percebido o extravio do tal cartão quando foi usá-lo numa loja. Não sabia, então, o dia exato da perda e, muito menos, onde poderia teria ocorrido.
O Francisco, então meu colega de trabalho, numa segunda-feira cedo, me conta o bafafá. Pronto, estava ali um caso perfeito para a nossa "atuação" . Ligo para a casa da Regina e me identifico como sendo o Sr. Alfredo, vendedor da Mesbla, alegando querer confirmar um endereço de entrega de uma geladeira. Chamaram a Dona Regina que atendeu esbaforida a ligação e foi logo dizendo, com voz de choro : " Meu senhor, eu perdi esse cartão, por favor não entregue essa geladeira em lugar nenhum " . Eu respondi: " Calma, minha senhora, eu sou só um vendedor, veio aqui uma moça, fez várias compras e sobrou só a geladeira que ela não tinha como carregar ". " Pelo amor de Deus, suspenda a entrega, vou mandar o meu marido aí imediatamente ".
Telefonema urgente para o Dálton, então um alto executivo de uma multinacional. Interrompida a reunião que ele tomava parte, face à gravidade do fato, seguiu o pobre Dálton, a galope e espumando como se tivesse tomado uns vinte Sonrisais, para a Mesbla, que ficava no centro da cidade. Chegando lá, procurou o vendedor Alfredo, quando disseram a ele que o tal do Alfredo havia acabado de sair para o almoço ( por arte do demônio, havia um vendedor de nome Alfredo ).
O Dálton ficou ali parado, esperando a volta do Alfredo e espraguejando por se ter deixado levar pela conversa da sua mulher. Quando o Sr. Alfredo finalmente chegou do almoço, palito espetado no canto da boca, como convinha a um comerciário da época, foi finalmente esclarecido o assunto : nenhuma venda, nem nenhuma geladeira para ser entregue à Dona Regina . Só podia se tratar de um trote ...
Tirando o Sr. Alfredo, que nunca soube o que foi feito dele, os demais personagens dessa história, com as graças de Deus, estão vivos e com saúde, sem nem desconfiar quem "teria sido" o "miserável" do Sr. Alfredo. Apenas o Dálton, muito inteligente, ousou dizer em uma reunião de família : " Que nisso tem o dedo do Francisco, eu tenho certeza, só não posso provar ".
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Eis que, no terceiro dia da viagem, toca o telefone do meu apartamento. Era da portaria, perguntando se um rapaz poderia subir para pegar minhas bagagens. "Como", perguntei, "minha permanência aqui é de cinco, não de três dias e, aliás, já está paga". "Não", respondia o cara, "nos nossos assentamentos o senhor pagou três diárias, o hotel está lotado e vamos precisar já do seu apartamento para cumprir outra reserva". Eu, com certa dificuldade em entender a língua, já estava nervoso, me lembrando que não havia ficado com cópia do voucher. "Nada disso, paguei cinco diárias e vou ficar cinco dias" . "Negativo, o senhor pagou três diárias e vai sair já", respondia o sujeito demonstrando irritação. Aí, eu já gritava : "Não vou descer !" "Vai descer sim e o mensageiro já está subindo para pegar suas malas ! ". Seguiu-se um ridículo "Vai !", "Não Vou !", "Vai !", "Não Vou !" ( quem se lembra da canção Canto de Ossanha - Baden e Vinicius, deliciosamente interpretada pela Ellis Regina ? ) . Quando eu me punha em posição para defender os meus aposentos, já pagos, até a morte se fosse preciso, explode uma gargalhada : Era o safado do meu primo argentino, me pregando um trote, da portaria do hotel, onde havia passado para nos pegar rumo a mais um passeio.