quinta-feira, 9 de julho de 2009

A DIFICULDADE DAS RELAÇÕES HUMANAS

Bem, uma incursão por esses caminhos de análise do relacionamento humano, para mim, é como pretender calcular qual a quantidade correta de combustível que a NASA deve colocar nos tanques da nave espacial Columbia em sua próxima viagem.

Mas, não importa, peço que me relevem a ousadia os que são profissionais da "alma humana", a começar pelos meus primos Domingos e Rodrigo. Na verdade, falar sobre a "cabeça" dos outros é, de certa forma, como falar de futebol. Todo mundo acha que entende pelo menos um pouquinho do negócio, dá palpites e, na verdade, não entende é nada, zero !. Eu me coloco como um desses inconsistentes palpiteiros.

Pela minha vida que, aliás, já se faz longa e, por vezes, meio modorrenta, conheci várias "espécies" de casais e de casamentos, alguns deles únicos e longos, outros que já são o segundo, o terceiro, e por aí vai .

É interessante observar, quando se tem, é claro, a necessária intimidade, a "engrenagem de funcionamento da relação" . Conheço alguns casais, próximos a mim, que parecem haver, com o tempo, se tornado uma pessoa só. Chega a ser muito divertido mesmo, analisar a perfeita simbiose que os unem em suas atitudes, hábitos, modo de pensar, etc. Eles não brigam, não discutem, não discordam, só que, em contrapartida, também não se vê entre os dois nenhum sentimento na linha da emoção . Duvido que um deles seja capaz de brincar dando um tapinha na bunda do outro . É um jeito de tocar a vida a dois e assim como outras maneiras, perfeitamente respeitável .

Há casais outros, partindo para um extremo em que se tem a nítida impressão de que simplesmente se odeiam, mas continuam juntos por dez, vinte, trinta, quarenta anos, "até que a morte os separe" um dia. E, é complicado para mim, entender esse tipo de relação, enfim ...

Em outros casos que conheço, um deles simplesmente venera o parceiro e a ele se entrega de corpo e alma, aconteça o que acontecer, não importa. O que interessa mesmo é não perdê-lo. Tenho, por exemplo, entre familiares distantes, uma situação patética, de um sujeito que era um tremendo de um boa pinta e galinha como só ele. A mulher, ciumenta, sofria, arrancava os cabelos, armava barracos e não adiantava. Só que, continuavam juntos. Já maduros, o camarada teve um AVC bravo e ficou paralítico de um lado do corpo. Vivia em casa, sentado numa poltrona, ela o levando para lá e cá. Pois não é que a infeliz, naquela circunstância, exalava alegria ? Pois é, ele, finalmente, era "só dela" . ( E ainda há quem não veja a genialidade do Nelson Rodrigues na sua série " A Vida Como Ela É ... " )
Há, também, como não, os casais em que você percebe existir entre eles um clima digamos, "caliente" , "instigante", que alterna momentos de grande paixão, com outros de discussões, brigas. É barra, mas sobra emoção 24 horas por dia.

E os "estáveis" ? in medium virtus est, ensina o latim. Nada de exageros, nada de grandes emoções, nem explosões . Tudo funcionando legal, ajustadinho, quem sabe até incluindo no regulamento conjugal um capítulo " fazer amor duas vezes por semana, depois da novela das oito ? " Chato ? Para mim, impensável ! não para outros, mas eu respeito .

Bem, o Domingos e o Rodrigo, meus psicólogos prediletos, assistem em seu trabalho, ao desfile de dezenas, centenas de casais diferentes. Não serei eu a pretender aqui relacioná-los. Mas, sob o meu ponto de vista, provavelmente errado, pois sou um "campeão mundial de erros", a pior das situações conjugais é a que leva ao silêncio, à indisposição, até mesmo para brigar. Acredito que, nessa hora, soa o alarme, piscam as luzes vermelhas e nada é mais conveniente que parar. Até mesmo em respeito e consideração ao parceiro e a qualidade que marcou o grande histórico da relação, que não merece sobreviver sob o manto da mediocridade. E, isto não tem nada a ver com o caráter, a dignidade, o "tudo de bom " que cada um é , para os amigos, para a família. Simplesmente acontece ... . E, com licença, " Sem emoção, não há solução ! ". Agora se a situação vai durar um dia, dez cem ou para sempre, vá saber... . O futuro, a Deus pertence, não é ?