quinta-feira, 25 de junho de 2009

COMO A GENTE VIVIA SEM INTERNET ?

Já disse aqui, sou do tipo meio difícil de me integrar às conquistas tecnológicas. Não por nenhum preconceito, pois acho maravilhosos esses avanços que permitem, por exemplo, os aparelhos tipo "dez em um", que conseguem ser, ao mesmo tempo, telefone, computador, televisão, máquina fotográfica, rádio FM, geladeira - não, acho que geladeira ainda não e, tudo isso pesando 20 gramas e tendo o tamanho de uma caixa de fósforos (daquelas de propaganda, quando fumar era chique, não das Fiat Lux dos meus tempos).

Só que, como um bom baiano que sou, de genética e parto, sendo carente de talento para assimilar esses avanços, tenho uma preguiça desgraçada em me esforçar para aprender como operar todas essas inacreditáveis funções. O diabo é que logo me vem à cabeça o tal "custo-benefício" : " Vou ter que me esforçar pra caramba até conseguir alguma familiaridade com oesse troço. Será que, na prática, exercitarei este conhecimento ? ".

E, não é só quanto a maquinetas, que a relação custo-benefício me impede de crescer como "ser humano". Eu também nasci com "ouvidos de pedra" . Consegui, fato raríssimo na escola que estudava, ficar de segunda época em CANTO OFEÔNICO ! Fui para a prova oral e a professora me mandou cantar o Hino à Bandeira. Já nos acordes iniciais, ela perguntou para mim : " Escuta, você está de sacanagem comigo ? " . Não, ela não perguntou, mas deve ter tido vontade de perguntar e, o pior, eu estava dando o melhor de mim. Mas fui dispensado de prosseguir castigando os ouvidos da mestra e não escapei da segunda época, da qual só me livrei por obra e graça da generosidade da Dona Helena que, creio, durante os seus cinquenta anos de magistério, jamais havia reprovado um único aluno.

Nos tempos em que eu gostava da noite, havia algo que me deixava em pânico, suando frio,. Era quando, nas casas mais "intimistas", o cantor saia com o microfone na mão, para que as suas "vítimas" cantassem com ele alguns versos da canção que interpretava. Em último caso, diante do perigo iminente, eu saltava da cadeira e me abrigava no toalete até "passar o perigo". Pior que adoro música mas, fazer o quê se Deus me privou de muitos talentos ? Na dança também, eu sou cruel ! Pisador emérito de delicados pés e especialista num passo em que eu sigo para um lado e a parceira para o outro.

Talvez como desdobramento dessa "falta de ritmo", a dificuldade para o aprendizado de idiomas é manifesta. Tenho um casal de amigos , ele chileno, ela argentina, e resolvi surpreendê-los, me esforçando ao máximo para alcançar um desempenho sofrível no espanhol ( juro que não contratei o Professor José Sarney ( PMDB - AP ) para me auxiliar. Quem lembra do discurso dele, quando presidente do Brasil, na ONU, em espanhol, e que até hoje é considerada a peça de oratória mais hilariante da história da Organização ? Pois é, eu me esforcei, me esforcei e quando o casal bateu por aqui, saímos para jantar, eu todo convencido. O meu amigo fala um português razoável e em nossa língua se expressava . E eu respondia no "meu" espanhol. Não demorou muito e o Fernando pigarreou e veio com este petardo : " Jaimito, querido, fale em português que nos entendemos muito melhor. Essa língua que você esta falando, nem é português, nem espanhol , fica difícil entender ! " . Pô, eu bem que podia ter dormido sem essa, e mandei o portunhol para o arquivo morto.

Quanto ao inglês, como sempre tive ao meu lado, primeiro a Christina, então minha mulher, depois a Gabi, minha filha, fluentes no idioma, e como as viagens eram sempre na companhia de pelo menos uma delas, me considerava bem servido. Nas vezes em que me vi sózinho, sendo obrigado a falar, as duas, quando me observavam de longe, riam de chorar do meu inglês, que lembrava muito alguém de raça indígena que houvesse sobrevivido ao massacre imposto aos peles-vermelhas americanos pelos "louros de olhos azuis".

Enfim, se isto aqui é um constante revelar de mim mesmo, nada mais "esperto" que o primeiro a debochar seja eu ...