terça-feira, 9 de junho de 2009

12 DE JUNHO: DIA DOS NAMORADOS

Confesso ter uma certa antipatia por todas as campanhas publicitárias que possuem por objetivo impor o consumo como prova de amor e, para tanto, são criadas datas e mais datas, muitas vezes levando a dificuldades quem esteja passando por dias em que o dinheiro é escasso.

Os piores exemplos, para mim, dizem respeito ao Natal e ao Dia da Criança, pois abusam da dificuldade de compreensão dos pequenos.

Quando eu era menino, no Natal, as famílias católicas como a minha, comemoravam o nascimento de Jesus. Havia a cartinha a Papai Noel, escrita pela própria criança, ou ditada por ela, quando muito pequena. E, que cerimônia bonita a Missa do Galo ! Era um momento em que as pessoas reunidas na igreja, celebravam o nascimento do " filho de Deus feito Homem ". De volta para casa, um jantar comemorativo, a caminha, já morrendo de sono e, ao acordar, o presente "encomendado" a Papai Noel. Diga-se de passagem, que esse presente passava por uma certa negociação. No meu caso, por exemplo, tendo um irmão 3 anos mais velho, herdava as bicicletas dele. Houve Natais em que eu "tentei" a bicicleta e a demanda, mediante carinhosas negociações, "baixava" para uma "bola de couro número 5", outro grande objeto de desejo. E, graças a Deus, o meu pai poderia comprar uma bicicleta para mim. Só que, como eu herdava às que haviam pertencido ao meu irmão mais velho, ainda em ótimo estado, comprar uma bicicleta nova para mim, seria um desperdício.

Assim, quando eu acordava no dia 25 de dezembro e via, ao pé da minha cama, o embrulho para presente, bem redondinho, "morria" de felicidade. À noite, iria dormir abraçado ao "courinho", sentindo o cheirinho gostoso e característico das bolas de futebol que, naquele tempo, não eram ainda produzidas com material sintético.

Vindo para os dias atuais, seja para o Natal ou para o dia da criança, assistimos na TV, exaustivamente, anúncios que, de forma sutil ou agressiva, oferecem os mais recentes produtos lançados no mercado, sempre muito caros e tentando fazer crer que o "dar" é sinônimo de "amar", ou seja, se você AMA o seu filho, DARÁ a ele a última palavra em joguinho eletrônico, por exemplo. E, não é só o "Papai Noel" que vai dar presente. Tem os avós, os tios os padrinhos, etc., etc. . E ai de quem ousar transgredir essa imposição : NÃO AMA ! É a sentença condenatória imposta pela sociedade consumista.

A chantagem da mídia comercial, não para por aí : dia das mães, dia dos pais, dia dos avós ( como se alguém pudesse ser avó ou avô, sem antes ser mãe ou pai ), dia dos namorados,até a novidade importada dos EUA, dia das bruxas, dia da páscoa ( a páscoa hoje, representa apenas um festival de chocolate ) e sei lá mais o quê. E, não se esqueça : QUEM AMA, DÁ ( quer dizer, compra ) PRESENTE !

Mas o negócio não se esgota na compra de um presente : em todas essas datas festivas, os hotéis disparam suas tabelas de preços, os restaurantes idem e, conseguir entrar em qualquer um, sem antes ter feito uma reserva, é tarefa quase impossível . Até os casais que andam, ultimamente, se detestando um ao outro, estão firmes, assinando o ponto nesses locais, atendendo à imposição da mídia.

Por isso, sugiro aos que se amam, "pregar uma pequena peça" na ditadura dessas práticas . Comprem um presente para os seus amados, fazer o quê ? mas o entreguem no comecinho de junho, dizendo : " Querido (a) comprei para você, pelo dia dos namorados. Mas a paixão é tanta, que não vou aguentar esperar até lá " . E, que tal saírem para jantar, no maior clima, no dia 10, ou 11 de junho ? Vocês serão atendidos com mais atenção, os preços serão "normais", o trânsito à noite vai estar tranquilo, quem sabe até não haverá "disposição" para esticar num Motel ? . Mas, para o dia 12, rebelem-se : que tal alugar aquele filme tipo comédia-romantica ( nada de terror, de guerra nas estrelas, nem faroeste ), pegar o edredon e levar para o sofá da sala, junto com o melhor vinho que tiverem em casa, e curtirem a noite abraçadinhos, ainda que estejam na fase de parar de vez em quando, para dar uma assistida no bebê, que não costuma respeitar os "momentos de intimidade" dos papais ?