quarta-feira, 10 de junho de 2009

"UM DIA DE FÚRIA" ( filme de 1992, Dirigido por Joel Schumacher )

Lá se vão 17 anos e quem assistiu haverá de lembrar da história de um cidadão que sempre trafegou no estrito sentido da correção, até que num dia de calor e trânsito insuportáveis, na cidade de Los Angeles, ele que vinha há muito tempo acumulando o stress próprio de quem enfrenta o dia a dia da luta pela sobrevivência em um cidade extremamente competiva, acaba tendo um surto de agressividade, abandonando o seu carro no meio da rua e saindo alucinado, quebrando tudo o que via pela frente.

Dizem os especialistas que se trata de um efeito cumulativo de tensões. Uma pessoa tida como equilibrada e sensata vai absorvendo e somatizando, sem reagir ou extravasar, todas as espécies de agressões que lhe ferem no cotidiano e, sem perceber, acaba por se tornar um barril de pólvora, pronto a explodir face a uma simples fagulha de um palito de fósforo aceso em sua proximidade. Foi exatamente o que fez Michael Douglas, protagonista de "Um dia de Fúria".

Muitas vezes, há situações em que nos deparamos com uma reação absolutamente desproporcional à ação que lhe deu causa e ficamos estupefatos : " Nossa, o camarada se enfureceu por uma bobagem à toa ... " . Acontece que o "enfurecimento", não decorreu daquela "bobagem à toa" e sim de um processo de acumulação iniciado sabe-se lá há quanto tempo . De repente, pimba, alguém riscou o fóforo, ou mesmo se transformou na gota d´água que fez o copo transbordar.

Outro dia mesmo assisti a uma cena, para mim dramática, em que uma senhora, já com idade avançada, xingava com palavrões o motorista de um ônibus e batia com o seu guarda-chuva no para-brisas do coletivo, tentando quebrá-lo. As pessoas no ponto, achavam engraçadíssimo o que estavam presenciando, enquanto eu, só não parei o automóvel para tentar acalmar aquela criatura, por receio de que o descontrole se voltasse contra mim. Mas, não pude deixar de refletir sobre o que teria acontecido : "O motorista não abriu a porta, ou teria passado do ponto em que ela pretendia descer ? " . Foi quando me lembrei do "Dia de Fúria" . Quem sabe, naquele exato momento, a pobre senhora estava com o seu gesto, querendo devolver à sociedade todas as frustrações, injustiças, agressões e sofrimento que lhe foram impostos durante a vida ?

Assim é que, para evitar explosões, recomendam os médicos, devemos "colocar para fora" as tensões . Exercício físico é uma forma muito adequada de se distensionar. Ande, corra, dance, nade, faça ioga, sei lá, todos ajudam . E, numa eventual e naturalmente transitória indisposição para levar adiante o seu "projeto-saúde", faça como eu, escreva um blog. Quem sabe até, ele não poderá estar sendo lido por boas almas que se apiedam dos nossos escritos ?