sexta-feira, 19 de junho de 2009

A LIBERAÇÃO DOS BINGOS

Já percebi que quando escrevo sobre "histórias familiares" recebo sempre algumas manifestações do tipo " achei ótimo o caso tal " . Aos que habitualmente lêem o meu blog, digo que é um grande incentivo receber e-mails fazendo comentários a respeito dos temas por mim abordados. Não precisa ser elogios não. Pode ser também protestando ou discordando. Afinal, vivemos ou não vivemos numa "democracia sindical ? " . Muitas pessoas, ao se encontrarem comigo, dizem ler o blog, lembram de determinada crônica, etc. Já escrever, são poucos. A esses eu digo : um e-mail, é como dizer para mim, "olha eu tenho acompanhado você " . É muito bom !

Apesar de saber que as lembranças familiares agradam, eu tento não imitar um dos nossos poetas maiores, o Tom Jobim, com o seu delicioso "Samba de Uma Nota Só" e me esforço por variar as abordagens.

Eu acho que hoje, no Brasil, já temos verdadeiras "ilhas de primeiromundismo" . Assim, as viagens nos comovem muito mais pelo que vemos da história do "passado", do que tudo que se caracteriza como representando o "presente".

Mas não foi sempre assim . A primeira vez que fui ao Estados Unidos, foi na década de setenta e desembarquei em Los Angeles. Conhecia e creio mesmo que ainda era o único, o Shopping Iguatemi . Fiquei impressionadíssimo com os Shoppings que vi por lá, seja em sua forma, seja no seu conteúdo, nessa época em que o Brasil tinha estabelecido uma "reserva de mercado", onde importar era praticamente proibido. De lá fui para São Francisco, talvez a mais charmosa e bonita cidade americana e, finalmente, conheci Las Vegas, uma espécie de Disneyworld para adultos.

Já então, os hotéis, os cassinos e os shows das grandes estrelas norte americanas me fascinaram . Não havia nada parecido por aqui. Eu, como todo o turista comum de Las Vegas, me divertia nos caça-níqueis, nas roletas, nos bingos e, à noite, ia assistir a um show .

Pois bem, o tempo passou e os bingos se instalaram por aqui. Cheguei a conhecer um ou outro, sempre "arrastado" por amigos, mas sem nenhum entusiasmo. Reconheço, porém, que alguns desses bingos brasileiros, ofereciam instalações de muito bom nível. Não , claro, na dimensão dos cassinos de Las Vegas, mas no padrão de conforto, não ficavam muito a dever.

Os bingos por aqui, foram fechados no primeiro governo Lula . Agora, tramita no congresso a sua regulamentação. A tropa de choque na Câmara, que defende a reabertura dessas casas, é comandada, segundo li, pelo deputado "Paulinho da Força" ( PDT - SP ), o que, por si só, me deixa muito desconfiado de que a causa não pode ser boa.

Os defensores dos bingos apelam para o número de empregos que seriam criados, com a liberação desses jogos. Contrapondo-se, os seus opositores alegam que os bingos são utilizados para lavagem de dinheiro sujo, vindo das mais criminosas atividades, além do que vicia e destrói os mais fracos de espírito, especialmente pessoas da terceira idade que, sem muitas opções de divertimento e companhia, acabam deixando nos bingos toda a sua aposentadoria, o dinheiro da alimentação e até de remédios. Pelo que entendi, a regulamentação da matéria criaria uma espécie de "carteirinha de viciado", coisa mais estranha, não é ? aqueles que fossem identificados, não sei por que critério, teriam impedido o seu acesso aos bingos.

Acho que, pelo menos, antes de liberar o funcionamento dessas casas, o assunto deve mesmo ser objeto de total aprofundamento e, sem que haja mecanismos eficientes de controle da entrada e saída de dinheiro, nem pensar em reabrí-los, sob pena de se estar favorecendo ao submundo do crime. E, mesmo não sendo nenhum expert no assunto, acho que a ausência de bingos, faz muito menos falta à sociedade que a sua proliferação, como vinha ocorrendo.