quinta-feira, 2 de abril de 2009

É PROIBIDO XINGAR

Vou enveredar por um tema absolutamente delicado, ainda mais que as ONGS estão por aí, atentas, prontas a disparar seus mecanismos de defesa em direção a todas as manifestações que possam ser interpretadas como de conteúdo preconceituoso à raça, cor, sexo ou estado civil de qualquer cidadão .

Deixo logo claro que considero inaceitável se odiar ou mesmo discriminar alguém por conta de suas características pessoais antes aqui mencionadas. Assim, julgo mesmo que todas as ações nesse sentido devem ser objeto de tratamento penal.

Há, no entanto, duas situações completamente diversas nessa história, ambas reprováveis, mas cuja gravidade são de graduações completamente diversas : uma é o preconceito, a discriminação, intoleráveis sem dúvida; outra é um mero xingamento. No segundo caso, a intenção é provocar alguém, chamando-o de algo que mais o ofenda. O agressor verbal olha bem para o sujeito que pretende ofender e saca : baleia, careca, caolho, tampinha, magrela, quatro olhos, bicha, branco azêdo, deixa que eu chuto, velhote, japa, galego, baiano, CRIOULO : pronto ! Xinga do que quiser, menos de crioulo, pois aí vai ser "recolhido aos costumes" , bater na delegacia e ficar. Lei Afonso Arinos e as que a seguiram, em cima do ofensor, testemunhas, o diabo.

Não importa se o camarada adora uma "moreninha", pode até ser casado com uma, amigo de muitos, compadre de outro, não interessa : xingou de crioulo, ou negão, sei lá o pior, está frito, arrumou um problemão... Bem feito, quem mandou xingar os outros ? agora aguenta !

Mas, como um bem servido de adiposidades, quero lavrar o meu protesto . Outro dia mesmo, ao dar uma ligeira e não intencional fechada num veículo que pretendia me ultrapassar, fui bridado pelo seu motorista, um afro-descendente, com um solene grito de guerra : " ô seu coroa f.d.p " . Não dei bola, mas acho que me deveria ser dado todo o direito de fazer o maior estardalhaço, arregimentar testemunhas, conduzir o "agressor" até a delegacia mais próxima e reclamar ao delegado : " Doutor, esse cidadão aí me chamou de coroa f.d.p. " . Só que certamente a autoridade me perguntaria : " E daí ? eu aqui atolado de problemas e o senhor me vem com essa ? faz favor ! "

Agora, fosse eu a ofender aquele cidadão, xingando-o de "negão f.d.p" , o que aconteceria comigo ? esse tratamento "diferenciado" não é preconceituoso ?

Sendo assim, em nome dos gordos, dos carecas, dos baixinhos, dos magrelas, etc., etc., etc., lanço o meu mais veemente protesto . Exigimos os nossos direitos, também somos gente e não é só quando batem na porta do banheiro e respondemos "tem gente ! "