quarta-feira, 8 de abril de 2009

ABERTA A TEMPORADA DE CAÇA AOS FUMANTES

Eu nasci no já longínquo ano da graça de 1946. Aos meus dezessete, dezoito anos, o cigarro era o must da juventude. Assistam aos filmes da época, e mesmo de algum tempo antes. Não havia galã e estrela de cinema que não dessem fartas baforadas na tela, fazendo acreditar que não existia charme ou beleza sem que houvesse um cigarro girando entre os dedos.

Como eu disse hoje ao leitor e amigo Valdir Saguas, fumante convicto, quando eu era rapaz a calça LEE e o isqueiro Zippo quase que eram extensões do meu corpo. E, então, nada havia de mal contra o cigarro, pelo contrário.

Chegou o dia, porém, que eu resolvi abandonar o hábito de fumar. Não foi tão difícil assim pois nunca fui pertencente ao grupo dos fumantes mais fanáticos. ( O meu primeiro cigarro era aceso no escritório, detestava fumar dirigindo, jamais saía de casa com o objetivo específico de comprar cigarros, quase não tragava, etc. ) Dei algumas ensaiadas e acabei parando, pronto. Mas nunca me filiei às brigadas antitabagistas que circulam na praça. Nem podia, pois a minha mulher era do time "apaga um, acende outro ". Ela parou, faz uns cinco anos, por haver contraído uma bronquite crônica que, nas crises , a deixava com falta de ar.

Tenho, porém, o Domingos, um primo e grande amigo que fuma e com quem saímos para jantar uma vez por semana. É quando tenho a oportunidade de constatar o quanto estão apertando o cerco sobre os fumantes. Ontem, a Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, deu um "tiro de misericórdia" no cigarro e aprovou a proibição do fumo em todo e qualquer recinto fechado. Estou ouvindo entrevistas a respeito no rádio e, mesmo entre fumantes a medida tem apoio da grande maioria. Confesso que fico com pena de quem gosta de fumar o seu cigarrinho e, para jantar fora, vai ter que dar algumas saídas até a calçada, entre o serviço e o prato principal e depois entre o prato principal e a sobremesa, tudo para dar uma pitadinha.

Ao final da refeição, vai pintar o tradicional "o café e a conta" pois, após o café, o cigarrinho é especial...Foi quando, com o meu temperamento conciliador, pensei : " EUREKA ! Já que é assim, deveriam criar o restaurante e o bar de fumantes ! Por que não ? Uma baita placa na porta avisaria : ESTE É UM ESTABELECIMENTO DESTINADO A FUMANTES . Claro que ninguém seria, nesses locais, obrigado a fumar. Só que seria obrigado a tolerar o fumo. Eu mesmo, que não abro mão da companhia do primo, me subordinaria à regra, dando preferência apenas a uma mesa com boa ventilação. E seríamos todos felizes para sempre...

A radicalização imposta pela determinação do Governador José Serra à Assembléia Legislativa de São Paulo ( ou alguém duvida que ele manda e desmanda na Casa ? ) e à população do Estado, me parece um tanto ditatorial. Ou será que não existe mais o livre arbítrio ? eu quero ser gordo, eu quero ser sedentário, eu quero comer doce e sou diabético, eu não abro mão do meu uísque, etc., etc., etc. Não tenho o direito de prejudicar os outros com o que faço de errado, mas não abro mão do direito de decidir sobre o que devo e o que não devo fazer.