segunda-feira, 11 de maio de 2009

UM EXEMPLO DE GESTÃO PÚBLICA


Em se tratando dos métodos de gestão atualmente praticados nos órgãos de admnistração pública, chega a causar uma certa desconfiança o que se anda fazendo na Infraero ( administradora de aeroportos brasileiros ), em termos de boas, saudáveis e eficientes práticas de conduta gerencial.

A propósito, ontem, o jornal O Globo publicou interessante matéria, exibindo o que vem sendo feito no órgão, antes inteiramente desmoralizado por ser um tradicional cabide de empregos, com altos salários, para parentes e apadrinhados de políticos e por realizar concorrências suspeitíssimas e obras mais ainda, sempre apontadas como exemplos de superfaturamento.

Fato é que o tenente-brigadeiro do ar Cleonilson Nicácio Silva, um alagoano ( que mostra também produzir a terra alagoana pessoas completamente opostas às do "tipo Renam Calheiros" ) de 61 anos, discreto, de poucas palavras e muita ação, formado em administração de empresas pela Fundação Getúlio Vargas, chegando à presidência da estatal, tratou de promover quadros técnicos da casa aos postos de chefia e avançou na implementação do novo estatuto da empresa. Tratou também de proceder a um rodízio de executivos, prevenindo e desmontando esquemas irregulares existentes em postos-chaves.

Para enxugar os quadros, lançou um Plano de Demissão Voluntária ( PDV ) e, para o pessoal remanescente, a empresa terá o seu primeiro Plano de Cargos e Salários.

Os apadrinhados, muitos deles parentes ou personagens intimamente ligados a políticos muito influentes, estão recebendo, um a um, cartas de "agradecimento pelos serviços prestados" e o convite para se apresentar ao Departamento de Pessoal.

Não é preciso dizer que a estatal, na curta gestão do brigadeiro Nicácio ( assumiu a presidência em dezembro de 2008 ), está fervilhando com essas "novidades" . Em poucos meses, no entanto, a sua reputação, marcada pelo nepotismo, pelas compras suspeitas e por obras com gravíssimas irregularidades, está passando por uma verdadeira metamorfose.

Colocando "ordem na casa" , de forma a permitir a abertura do seu capital, o ex-piloto de caça de bombardeio e helicóptero dará a sua missão como cumprida e deverá voltar à FAB como o oficial " quatro-estrelas" mais bem posicionado para ser o seu próximo comandante.

Mas, o trabalho do Brigadeiro Nicácio só foi e continua sendo possível, por ter tido ele o indispensável respaldo do ministro Jobim, do comandante da Aeronáutica Juniti Saito e, muito principalmente, do Planalto, seja por parte de Dilma Roussef, seja do próprio presidente Lula que seguraram e continuam segurando toda a sorte de ameaças e chantagens de importantes políticos "da base" , inconformados por haverem perdido totalmente o domínio sobre essa mina de ouro chamada Infraero.

Agora, pergunto eu aos amigos petistas : " Há como criticar o governo em relação ao trabalho que vem sendo procedido na Infraero ? " Não, não há . Uma pena é que essa forma de conduzir as estatais, por tudo o que se toma conhecimento, constitui uma exceção. O governo prefere se submeter às exigências de "companheiros" e "políticos da base" que saem nomeando "laranjas" como seus prepostos em estatais, com o objetivo que a população esclarecida conhece muito bem qual seja. Acredita a "situação" que esse loteamento lhe permitirá a perpetuação no poder e entrega os "galinheiros" para as "raposas" cuidarem, como se isso fosse um mal inevitável.

Quem sabe, no entanto, se o "exemplo Infraero" não estimula a se criar maior resistência à ação desses "picaretas", como o próprio Lula já os chamou um dia ?

Por fim, antes que me acusem de estar pregando "a volta do militarismo", esclareço que a minha admiração pelo Brigadeiro Nicácio, é fruto do seu caráter e competência, não pelo fato de ser ele militar.