quinta-feira, 14 de maio de 2009

BLOGTERAPIA


A grande maioria das pessoas atravessa as suas vidas, especialmente no aspecto profissional, se acautelando ao externar pontos de vista, procurando ser agradável ou, ao menos, evitando construir atritos.

Quantos e quantos nesse mundo afóra não "engolem"(como engolimos o Zagallo e a sua escola retranqueira) um chefe, patrão, ou sei lá o quê, pretensioso, que se acha uma espécie de "vice-Deus" em véspera de assumir a titularidade, ou mesmo um daqueles chatos de galocha que só se interessam mesmo por um único assunto e, na sua obsessão e vaidade, esperam que todos se deleitem ouvindo, dia após dia, a lenga-lenga do seu "samba de uma nota só" .

É um lado amargo da vida, pois são poucos, muito poucos, os que alcançam chutar um por um os "baldes" que lhe incomodam. Tudo tem um preço, é verdade, e a independência em geral custa caro, às vezes um preço insuportável. Nunca esqueci de uma história que, lá se vão uns trinta anos, me foi contada por um amigo, parente muitíssimo próximo de um senhor, dono de uma portentosa empreiteira : esse personagem, detentor de imensa fortuna, havia passado bem umas dez horas visitando uma obra monumental que a sua empresa estava executando em um desses lugares onde "o diabo perdeu a botas" . Fim de um dia de calor tremendo, andando para lá e para cá, o empreiteiro e o meu amigo que o acompanhava, estavam exaustos, não vendo a hora de um moderníssimo jato executivo da empresa rumar para São Paulo e deixá-los em casa. Foi quando o meu amigo observou uma gaiola com um pássaro , colocada em cima de uma das poltronas do avião e perguntou o que vinha a ser "aquilo" . O mega-empreiteiro explicou : " É, nós vamos fazer uma escala rápida em Brasília, para eu deixar esse pássaro ( será que naquela época já tinha blitz do IBAMA ? ) que me foi encomendado por um cara muito chato " . ( Alto dirigente de um órgão governamental para o qual a empreiteira fazia importantes obras ) . Estava ali um pequeno exemplo da "arte de engolir sapos" , prática da qual poucos escapam. Um homem vitorioso, já com os anos lhe pesando, exausto depois de uma jornada pesada de trabalho, iria retardar o seu descanso, fazendo uma escala em Brasília, para ser simpático a um burocrata de plantão. Talvez o único lado bom da história é que, naquela época, quem mandava pedia pássaro, depois passou-se a pedir "comissão" e hoje evoluiram para exigir "participação". ( Com as exceções de praxe, naturalmente ) .

Mas, que diabo tem a ver este blog com a história acima ? eu explico : no "pensando e repassando" , "eu sou eu " e fim de papo. Ou seja, aqui eu não me censuro, nem me pergunto se "a", "b" ou "c" irão ficar felizes ou se sentirão incomodados com os meus pontos de vista. Pela primeira vez na vida, me sinto com total liberdade de expressão, daí o título que dei a esse texto. Eu "ganho" aqui, o que economizo em terapia, para tristeza do meu primo e amigo Domingos Rezende que, eu percebo, com fundadas razões, não vê a hora de me acomodar no aconchego emocional proporcionado pelo divã de algum competente colega.

Por fim e para deixar muito claro, tenho perfeita consciência de que cometo toda a espécie de equívocos ao escrever essas mal traçadas, seja de natureza gramatical e ortográfica ( não tenho revisor de texto ), seja de conceitos. Só que, por aqui, digo com honestidade,o que penso e isso é muito bom, até mesmo como preventivo à recidiva de câncer.