segunda-feira, 18 de maio de 2009

A OBRA ACABADA

Quem, ao viver uma determinada situação, não imaginou estar diante de "uma obra acabada" ? explico melhor com um exemplo : uma família bem próxima a mim, na década de 50, residiu por 5 anos nos Estados Unidos.

Na época, quem morasse por um tempo determinado ( não sei exatamente o período que era exigido ) no exterior, ao regressar ao Brasil poderia trazer todos os móveis e utensílios que estivessem em uso na sua residência no exterior e o automóvel da família, desde que não fosse um veículo 0 Km.

Assim, chegado o momento da volta, o chefe dessa família tratou de adquirir tudo o de novo existente nos EUA para equipar a sua casa no Brasil. E as compras iam desde móveis e roupas de cama e mesa, aos mais modernos equipamentos eletrodomésticos, do tipo televisão, geladeira, máquinas de lavar pratos e roupa, secadora , vitrola, rádio, etc., etc.

O carro, ele encomendou um top de linha e com direito a todos os acessórios disponíveis. Atendendo às exigências legais, veio rodando de Cleveland, onde moravam, até Nova Iorque, onde seria embarcado o automóvel em navio, para o Rio de Janeiro.

Ao ver os containers sendo abertos já em sua casa no Brasil, me disse o velho amigo que teve a sensação de que estavam equipados para "todo o sempre" . Teria valido, portanto, o considerável "desfalque" imposto às economias, pois aquelas aquisições, mais que um luxo, representavam um belo investimento.

Nada mais que um enorme engano. Passados alguns anos, todos aqueles aparelhos já estavam superados, mesmo numa época em que as importações eram proibidas e as nossas indústrias estavam longe de poder concorrer com as existentes no primeiro mundo.

Pois é, acho que muitos já passaram pela experiência de pagar caro por um automóvel, televisão, máquina fotográfica, aparelho de som, celular, computador ou coisa assim : " É caro, mas vai durar muito, vale a pena ! " .
O tempo corre depressa e, muito mais rapidamente do que imaginamos, a nossa compra tão valiosa virou uma bela "peça de museu" face aos mais recentes produtos lançados no mercado.

E, o que acontece com objetos , aparelhos e máquinas, também se repete com os seres humanos. É só "voltarmos a fita" para lembrarmos as reuniões de família de alguns anos passados e, certamente, uma parte do pessoal estará mais velha e outra, infelizmente, já não mais se encontra entre nós.

Bem, e daí, fazer o quê ? Ora, muito simples, nada de cair em depressão ou pretender trazer o passado de volta. Há uma fórmula simples e bem funcional para enfrentarmos a "marcha implacável do tempo" : valorizar devidamente os bons momentos, mesmo aqueles revestidos de uma aparente simplicidade e que, por isso mesmo, acreditamos que nos estarão disponíveis indefinidamente.

Um exemplo ? vamos lá : na sexta-feira à noite, jantei com um casal de amigos muito queridos, a Deise e o Adão. Fazia um frio bem gostoso, anunciando a proximidade do inverno. Mesmo assim, escolhemos ficar na varanda do restaurante onde, por quatro horas, comemos, bebemos, jogamos conversa fora e trocamos afetividades. Ao chegar em casa me meti debaixo de um gostoso edredon e dormi o "sono dos justos" .

Pois bem, acredito que felicidade seja a acumulação de muitos momentos como esse. Não vamos errar, reservando os nossos "registros" só para valorizar situações especialíssimas e requintadas. Desfrutar do maior número possível de momentos em que nos sentimos bem, compartilhando com pessoas queridas, é a mais eficiente fórmula de fazer a vida valer a pena.