quarta-feira, 6 de maio de 2009

A SUBSTITUIÇÃO DO HOMEM PELA MÁQUINA

Eu comecei a trabalhar, como estagiário de direito, em 1966, quando tinha 20 anos. No começo, a cada dia de vale ou de pagamento, lá vinha o contador da empresa, o "Seu" Pedro, um senhor que usava um lapis com ponteira prateada preso na orelha, e saia entregando a todos os funcionários, envelopes contendo a remuneração de cada um, com o respectivo nome e os cálculos na face.

Um belo dia, chegou o "progresso" : abriu-se uma conta para cada funcionário, num banco que tinha agência em baixo do nosso prédio. Nas agências bancárias, havia guichês para atender aos correntistas, todos eles identificados por tabuletas constando uma ou mais letras do alfabeto. Eu, Jaime, tinha que procurar o guichê da letra "J" . Entregava um cheque ao meu "caixa" ( funcionário que fazia os pagamentos ) e ele se dirigia a um arquivo postado às suas costas, onde estavam arquivadas todas as fichas dos "jotas" que eram clientes da agência. Nessa ficha ficavam anotados todos os depósitos e saques de cada cliente e a sua assinatura para a devida conferência. Eu, como quase todo mundo na época, sacava uma importância maior e com ela pagava as despesas do dia a dia.

Aí é que me ocorre o seguinte : fazendo uma simples comparação com as transações bancárias atuais, concluímos que o contingente de bancários foi drásticamente reduzido. E esta situação não é um fenômeno exclusivo de bancos : a indústria, o comércio ( compras pela internet ), a agro-indústria, enfim, todas as atividades produtivas passaram por um fantástico aperfeiçoamento tecnológico, sempre resultando na eliminação progressiva de trabalhadores que foram substituídos por máquinas, mais eficientes, velozes e menos sujeitas a erros.

Pois bem, a população do planeta que em 1950 era de 2,5 bilhões de pessoas, deveria ter diminuído em proporção que guardasse coerência com a constante redução das vagas de trabalho, face ao extraordinário e progressivo avanço tecnológico.

Foi o que aconteceu ? não ! Caso a população mundial se mantivesse constante, já seria um grande problema. Só que , em início de 2007 , já éramos 6,6 bilhões de almas, precisando se alimentar, necessitando de escolas, assistência médica, emprego, aposentadoria, etc.

Pior, o crescimento demográfico é diretamente proporcional à pobreza dos países e das famílias que produzem novos seres humanos. Sendo assim, não tardará o dia em que o cidadão, para se habilitar a ser lixeiro ( aliás, já chegou. Concursos para admissão de lixeiros já abriga candidatos portadores de diplomas de formação em nível superior ) ou faxineiro, vai precisar falar três idiomas, dominar a informática e ter cursado pós-graduação em universidades do primeiro mundo.

E o "resto", os bilhões que estão sobrando ? não há dúvida, são os tais "excluídos" que, ou se agarram aos bolsas-famílias, ao "renda mínima", tão perseguido pelo senador Suplicy ( que também gosta de mandar a namorada passear de avião às custas da pobre "viúva" ), ou caem na semi ou na plena marginalidade, alguém duvida ?

E o problema não será resolvido por soluções de conteúdo ideológico. Não esqueçamos, também, que os bilhões e bilhões que, embora hoje mais lentamente, vão engrossando a população mundial, são agentes poluidores , contribuindo para o aumento das agressões ecológicas.

A única saída, acredito, será estimular fortemente ( que me desculpe a Igreja, mas ela deveria dar o exemplo, exigindo dos seus bispos que, caindo em tentação, usassem camisinha ) a contenção demográfica, através de programas de esterilização induzida ( não vejam aqui nenhuma conotação nazista, nem o objetivo de depurar qualquer raça ) e de incentivos financeiros ( ao contrário do que ocorre hoje ) a quem se dispuser a não gerar filhos ou a gerar poucos filhos. Ou será que estou vendo mal a questão ? a população poderá continuar a crescer impunemente ?