sexta-feira, 15 de maio de 2009

MINISTRO MANTEGA: UM TRAPALHÃO?

O Ministro da Fazenda Guido Mantega, faz tempo, resvalou para o perigoso terreno da galhofa, como diria o saudoso crítico do cotidiano, Sérgio Porto, o Stanislaw Ponte Preta. O seu antecessor, Antonio Palocci, é bem verdade que tem a língua presa ( aliás, o que tem de petista de língua presa é uma fartura, não é, deputado Vicentinho ? será algum desejo inconsciente de imitar o Chefe ? ). Mas Palocci sempre foi um sujeito articulado e o que ele dizia como ministro era considerado como algo a ser levado a sério. O mesmo se pode dizer em relação ao presidente do Banco Central do Brasil, Henrique Meirelles, respeitado pelo mercado como um profissional extremamente competente, mesmo por quem discorda das suas idéias.

Já o Guido Mantega, dá até aflição ouvir os seus titubeios e insegurança nas coletivas e o constante voltar atrás em todas as suas previsões, além de fornecer aos entrevistadores munição para ironias.

Ontem mesmo, o ministro Mantega admitiu que está considerando com otimismo um crescimento do PIB em 2009 entre 0% e 2% . Bem, estamos em maio. O nosso crescimento, na avaliação ministerial, vem caindo na base de 1% ao mês, desde janeiro. Já foi 4%, depois 3%, em seguida 2%, agora já pode ser 0% .

E, senhor ministro, não existe a sua colocação de "crescer 0%" . Desde quando 0% é crescimento ? sendo assim, em junho o nosso ministro poderá estar garantindo que o nosso PIB deverá "crescer" - 1% , em julho, deverá "crescer" - 2% e lá vamos nós nessa triste balada.
Sempre faltam elementos que forneçam consistência ao otimismo de Mantega . Garante ele que o primeiro trimestre foi péssimo. Isto mesmo, os dados coletados o demonstram . Mas assegura, também, que já saímos do fundo do poço e o segundo trimestre será de retomada, com o PIB acelerando. Muito bem, como brasileiros, torcemos para que sejamos o primeiro país a sair da crise, para que a nossa produção industrial e o emprego cresçam, assim como o consumo interno e as exportações, em especial de produtos manufaturados, que os investimentos produtivos aumentem, com capital próprio e com recursos estrangeiros. Mas, se a nós cabe torcer, ao ministro da Fazenda compete exibir claros elementos de convicção que embasem as suas expectativas. O seu cargo exige que a verdade, clara e sem sofismas seja colocada, para que os seus pronunciamentos mereçam credibilidade.

A idéia de vender boas expectativas sem respaldo, não funciona. O ministro da Fazenda deve inspirar confiança antes de tudo e não ficar sustentando um discurso de crescimento que vai sendo desmentido à medida que o tempo vai passando e a realidade substitui a expectativa. Faria bem ao Guido Mantega fazer um curso de "comunicação com o mercado" e, para tanto, lhe sugiro dois ótimos mestres : Pedro Malan e Armínio Fraga. Esses dois tiveram que segurar "rabos de foguete" bravíssimos e sempre se saíram muito bem, como é reconhecido até mesmo pelas rodas petistas.

A questão de tributar, a partir de 2010, as cadernetas com elevados depósitos, foi anunciada com a aplicação de complicadíssimas fórmulas, fazendo com que os depositantes com maior disponibilidade tenham que fazer cálculos e mais cálculos, inclusive pagamento de imposto de renda, para concluir se vale a pena deixar o seu dinheiro em cadernetas ou será melhor pensar em outra aplicação. O negócio ficou tão complicado que não deu para perceber se Mantega escorregou ou não em suas explicações.