quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

XENOFOBIA, RACISMO E PERVERSÕES DA ESPÉCIE

Nesta semana tive a oportunidade de ler a coluna do Arnaldo Jabor no Estado de São Paulo, quando ele retratou a experiência que viveu no fim da década de 50, ocasião em que o seu pai, oficial da Aeronáutica, foi chefiar uma missão militar em St. Augustine, na Flórida, com o objetivo de adquirir aviões militares de treinamento.

Pois bem, estarreceu ao nosso Jabor, então com 15 anos, a forma como eram tratados os negros americanos, sempre achincalhados, humilhados, quando não agredidos pelos brancos colegas de escola de Jabor.

Por coincidência, mais ou menos nessa época, a família da minha mulher também residiu nos Estados Unidos, só que no norte do país, em Cleveland, Estado de Ohio. Certa ocasião a minha sogra foi chamada por uma vizinha, para uma "conversa séria" . O assunto ? esta mulher havia "flagrado" a minha mulher, então com 6 anos, brincando na rua com duas crianças negras. Ao explicar para a americana que eram brasileiros e que no Brasil as crianças brincavam entre si independente da sua cor, lhe foi dirigido um olhar de desprezo e, desse dia em diante, a até então solícita vizinha, ao cruzar com a mãe da minha mulher, lhe virava o rosto ostensivamente. Já o meu sogro me contou impressionado : "era mais que preconceito, era ódio e não de pele, sim de sangue . Quem tivesse todas as feições da raça branca, mas fosse filho de um mulato, por exemplo, era considerado negro e, portanto, discriminado".

A quem viveu este clima horroroso, como as famílias do Jabor e da minha mulher, assistir à posse de um Presidente dos Estados Unidos negro, carregando o nome Barack Hussein Obama, casado com uma mulher negra, tendo duas filhas negras, e levando para morar na White House a sogra também negra, proporciona um inexplicável sentimento de conforto, do tipo que sentíamos quando crianças nos filmes em que, depois de muito sofrimento, o bem acabava por prevalecer sobre o mal.

É isto aí, Obama, coloque um monte de pretinhos e pretinhas na Casa Branca, faça força pela paz, arrume outro negócio para ocupar a indústria bélica (quem sabe fabricar tratores e quipamentos agrícolas para acabar com a fome no mundo subdesenvolvido?).

Cuidado com malucos-assassinos que vivem aos montes por aí e veja se consegue pôr na cadeia, pelo menos para dar um bom exemplo, alguns desses banqueiros e financistas que, com a sua inesgotável sede de dinheiro, puseram os Estados Unidos e o mundo de pernas para o ar.

Mas, se na América do Norte houve um indiscutível progresso na questão do racismo, é simplesmente inacreditável o que vem ocorrendo na Europa, em relação à xenofobia. Grupos neonazistas estão proliferando como uma praga e agora, naquele que se orgulha de ser chamado de "o país mais civilizado do mundo" ( e, por que não dizer, maior refúgio de dinheiro sujo do planeta ), a Suíça, uma moça brasileira foi atacada e selvagemente torturada por neonazistas, lhe acarretando a perda de filhas gêmeas e um terrível trauma para o resto da sua existência. E sabem o que despertou nesses fascínoras a decisão de torturá-la ? ela falava português num telefone público ! Pior, ao que noticia a imprensa, a polícia suíça está cuidando do caso com enfado e, mesmo, indiferença !