sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

EU ADORO ORLANDO E DAÍ ?


Há, em especial, dois tipos de gente que jamais gastariam seu tempo indo a Orlando : os que não têm filhos ou netos e os que odeiam usar tênis e buscar lá no fundinho o que lhes resta na alma de "porção-criança", para se integrar ao clima da cidade. Aos que torcem os narizes pelo fato de alguns artistas de televisão, tipo "populares", adorarem a região, eu não estou nem aí, afinal, se tenho algo em comum com essa turma, tanto melhor para mim. Fato é que,quando meus filhos eram ainda bem pequenos, a minha mulher e eu fizemos uma viagem à California.

Em Los Angeles, mesmo ouvindo protestos, insisti em gastar um dia da viagem visitando a Disneylândia. Ficamos encantados com o que vimos e me prometi que, quando o caçula fizesse cinco anos, levaria meus filhos à Disney World. Promessa feita, promessa cumprida. Jamais esquecerei a expressão de encantamento das crianças ao divisar da balsa a silhueta do Castelo da Cinderela, no Magic Kingdon. E nos esbaldamos todos, na maior farra, nós e as crianças interagindo num plano de total cumplicidade .

Lá voltamos quantas vezes nos foi possível, vendo nascer, um após outro, novos parques temáticos. Melhor ainda quando, por indicação de um amigo, passamos a alugar casa em um dos incontáveis condomínios existentes nos subúrbios da cidade. Ali, em nossas pequenas repúblicas, instalamos algumas regras até então desconhecidas pela família. Cada qual fazia a sua cama, não se podiam deixar os banheiros desarrumados, idem sala e cozinha, lavar os copos, colocar os pratos na máquina de lavar, separar a roupa usada para a mãe colocar na máquina de lavar, enfim, era estabelecido o american way of life, como parte do "pacote de viagem". Além do divertimento abundante, era mostrado a eles como as coisas funcionavam por lá : o trânsito civilizado, o cuidado com a limpeza pública, a impecável manutenção de vias, parques e jardins, a obediência às filas, a atenção para com os que tivessem dificuldades de locomoção, o absoluto respeito aos direitos do consumidor, a preocupação em colocar em embalagens próprias os diversos tipos de lixo, quando no Brasil ainda nem se ouvia falar em ecologia, muito menos doméstica.

Orlando é uma cidade inteiramente diferente de qualquer outra no mundo. Ela é totalmente voltada para a diversão sadia de crianças, de adultos e dos idosos com alma de crianças. Nos seus Parques Temáticos, não se encontram à venda bebidas alcoólicas e cigarros. O lema é deixar-se transportar para um mundo de fantasia. Assim, as pessoas que transitam em Orlando, em sua quase totalidade, estão felizes, com o espírito em festa, diferente de qualquer cidade do mundo, onde a população está vivendo o seu dia a dia de trabalho, os compromissos, as dificuldades, os dramas pessoais, etc. . É uma delícia você sentar num banco de um parque, invariavelmente locais limpos, com os jardins sempre floridos e pequenos animais silvestres, para ficar observando a agradável excitação com que todos saem de uma atração e se dirigem à outra, sem querer perder tempo. Adoro em especial as velhinhas, usando chapéus de Mickey ou do Pateta, completamente descompromissadas com o que se poderia considerar por nós, brasileiros, como ridículo. Acho encantador e estimulante observar o sorriso aberto de quem se desloca numa cadeira de rodas, totalmente esquecido naqueles momentos mágicos, que a vida lhe pregou uma baita peça.

A primeira vez que, por sugestão de um amigo, aluguei uma casa completamente montada e pronta para receber seus moradores transitórios, me preocupei no dia de ir embora sobre quanto tempo gastariam para checar a casa e todos os seus equipamentos, objetos de decoração e de uso diário. Atento com a hora do nosso vôo, nos dirigimos à admnistração com bastante antecedência. Lá chegando, chaves na mão, uma simpática funcionária nos indagou : " tiveram uma boa temporada ? tudo funcionou a contento ? pois espero tê-los novamente em breve por aqui " . Resultado, tomamos um chá de cadeira no Aeroporto e eu comentei com a minha mulher : "aqui, a gente é considerado honesto, até prova em contrário".

Por isso tudo adoro Orlando, especialmente por ali ter vivido momentos que considero entre os mais felizes e inesquecíveis da minha vida. Só não recomendo a viagem durante o verão local : férias escolares americanas, calor forte e filas grandes...