segunda-feira, 30 de março de 2009

"TRAGAM A PROBLEMÁTICA QUE DADÁ TEM A SOLUCIONÁTICA" (DADÁ MARAVILHA)



Recebi uma sinopse de palestra proferida pelo teólogo e escritor Leonardo Boff na nona edição do Fórum Social Mundial, realizado recentemente em Belém ( PA ), contando com a participação de 100 000 inscritos, vindos de 160 diferentes países ( informação constante da matéria que me foi encaminhada ). O tema abordado pelo palestrante foi a Crise Financeira Mundial, causadora de demissões, fome, desespero e lágrimas.

Boff iniciou a sua dissertação afirmando que "a crise não assolou a periferia, mas o coração do império" . Havendo compreendido o significado da colocação, suponho que, na visão de Leonardo Boff o " império " ( Estados Unidos ) foi atingido no seu órgão mais vital.

Segue o palestrante advertindo : " artimanhas sutis do capital poderão se refazer, sob o argumento que o capitalismo vive de crises e elas são cíclicas e tentarão nos empurrar mais do mesmo : consumo, conflitos, individualismo . Decreta, porém : " a crise é terminal, se deu a falência do atual sistema : voraz, acumulador, inimigo do meio ambiente, promotor de desigualdades, desprovido de solidariedade. "

Cita, então, algumas razões determinantes da falência do capitalismo : "A cada quatro minutos uma pessoa fica cega por carência de vitamina A ; a cada cinco segundos morre uma criança com menos de cinco anos, por fome ou desnutrição. O sistema vigente criou o individualismo avassalador - o meu emprego, o meu salário, o meu carro, a minha família ; criou a competição, o acúmulo, a ostentação, a ausência de solidariedade, de caridade, de compaixão, o comprar, comprar, comprar, desde criança, sem aprender que é importante compartilhar. O sistema vigente associa o consumismo à felicidade e desconhece o amor, a caridade, a compaixão . Não há recursos para a educação, a saúde, nem para o combate à fome. Mas sobram verbas para guerras, para a indústria bélica, para socorrer bancos, montadoras e corretoras . É o fracasso terminal . "

E prossegue Leonardo Boff tecendo considerações sobre os lucros desmedidos, os atentados à natureza, o lixo agressor ao meio ambiente. Fala dos telefones celulares descartados, dos pneus, dos automóveis, da poluição em nossos rios e oceanos, da destruição das florestas, do aquecimento global, das alterações climáticas e não vacila em afirmar que morto o atual sistema, precisamos de um NOVO PARADIGMA DE CIVILIZAÇÃO. Para tanto, propõe que seja cultivada a SOLIDARIEDADE INTERGERACIONAL para as próximas gerações, que o planeta seja minimamente saudável, que surjam novas esperanças, novos rumos, novos valores, novos paradigmas, prega a INTERCULTURALIDADE, o diálogo entre as diversas civilizações e culturas, o cuidar da Terra e da justiça, o respeito e proteção à vida animal, vegetal e humana.

Conclui Boff dizendo que "A VIDA É UM MILAGRE TÃO BELO QUANTO CURTO QUE DEVE SER CULTIVADO COMO AS FLORES MAIS BELAS E O DESAFIO É RESGATAR O SONHO, AS UTOPIAS ."

Atribuir exclusivamente ao "império" e ao "sistema atual" ( capitalismo ) todos os males que afligem a humanidade creio ser um terrível surto de simplismo. Mas esta questão perde substância eis que para Boff ambos estão mortos. E, estando mortos, qual SISTEMA irá substituí-los ? haverá LIBERDADE de expressão, de ir e vir, de criar e executar a criação, ou teremos apenas e tristemente que cumprir as determinações emanadas de um Estado ditador ? Pois é, parodiando a inteligente frase do ex-artilheiro de futebol Dadá Maravilha, o nosso teólogo foi farto na abordagem da problemática mas esqueceu, ou não foi nada conclusivo, ao nos apresentar o "sistema" que realmente considera como sendo a "SOLUCIONÁTICA".