terça-feira, 31 de março de 2009

MEUS TRÊS GRANDES ÍDOLOS

Já me referi neste blog aos meus ídolos de infância ( Carlos Castilho e Luiz Rigonni ) . Hoje, vou prestar homenagem a Pelé, Ayrton Senna e Gustavo Kuerten que me fascinaram, encheram de alegria e orgulho e seguramente me proporcionaram grandes e inesquecíveis momentos de euforia .

O Pelé é mais que um ídolo, ele é um mito da humanidade. Li, certa vez, que o Pelé é o ser humano mais fotografado desde que a máquina fotográfica foi inventada. Pelos mais remotos cantos deste planeta é comum se ouvir : Brasil - Pelé ! Na semana passada esteve por aqui o primeiro-ministro da Inglaterra, Gordon Brown ( aquele que foi alvo de gratúita grosseria por parte de Lula ) e o que ele mais desejava era ser humildemente apresentado ao Rei Pelé. Não foi possível e o homem saiu frustrado do Brasil. Pela grosseria ( menos ) e por ter vindo aqui e "não ter visto o Pelé" ( muito mais ).

Bem, se há vantagens em ser sexagenário, talvez a maior delas seja poder esnobar para os jovens : " olha, eu perdi a conta de quantas vezes vi o Pelé jogar ( ao vivo e a cores, no Maracanã ) ". Esse é um privilégio da minha geração. No caso do Pelé, o cara deixou de jogar e, incrivelmente, a sua popularidade só cresceu, mundo afora. Mais espantoso ainda é que o nosso herói jamais se tornou esnobe, metido a besta, pelo contrário : a humildade é a sua marca registrada. Tenho um primo que durante o período em que Pelé esteve em Brasília, conviveu intensamente com o Rei. E ele me disse ter sido espantoso observar a paciência e a maneira afável como ele reagia ao assédio dos seus admiradores. Num restaurante, por exemplo, eram fotografias, autógrafos e uma invariável visita à cozinha para um afago à turma que trabalha nos bastidores. E Pelé não bebe, não fuma nem dá maus exemplos à juventude. Promove o nosso país como ninguém jamais promoveu.

Mas Brasil é Brasil e, como bem disse Tom Jobim, o sucesso por aqui ofende. Temos, então, uma tropa de "Caçadores de Pelé" . Os caras ficam ali, na espreita, esperando o Rei derrapar em uma frase, ou em uma atitude, para bater nele sem dó nem piedade. Como ser humano, um dia o Pelé vai morrer e aí, vai virar santo. Nós cultivamos essa também. Morreu, virou santo. Desculpa aí, negão, passa por cima dessa raça de invejosos pois, tenho certeza, a imensa maioria dos brasileiros lhe adora.

Aí, vamos ao Senna. Até hoje me lembro da célebre corrida em Mônaco, quando o Senna pilotava um calhambeque ( Toleman ) e desabou um tremendo temporal, tornando a prova mais equilibrada e dando aos pilotos a oportunidade de mostrar as suas habilidades. E foi o que ele fez, ultrapassando um a um os adversários até que, quando viram que ele ia assumir a liderança que era do Alain Prost, encerraram a corrida. Depois veio a primeira vitória, também na chuva, pilotando uma Lotus, em sua segunda temporada na Fórmula 1 . Daí em diante, quantas alegrias... a gente quase caindo da poltrona ou das arquibancadas de Jacarepaguá e de Interlagos. Quem viveu a época de Senna haverá de lembrar o seu orgulho em fazer a "volta da vitória" exibindo ao mundo com orgulho a bandeira brasileira. Senna também não escapou dos que odeiam os vencedores. E sofreu com isso. Na sua morte, aí sim, virou consenso, se tornou perante todos um definitivo herói nacional.

Aí vem o Gustavo Kuerten, o nosso Guga. Desde Maria Ester Bueno, jamais havia surgido por aqui um tenista que se alinhasse às grandes expressões mundiais do esporte. E do garotão Guga, bem que procuraram muito as suas vulnerabilidades. Mas dele, dizer o quê ? Guga era o cara que amava o Brasil, amava Florianópolis, amava a sua família, dedicava um carinho especial ao irmão doente, a avó, a mãe, praticava caridade, namorava moças lindas e a turma "caça-ídolos" futucava, futucava e se frustrava, não achavam nada para atacar. E o Guga também nos encheu de orgulho e alegria. Foi o número um do tênis mundial, era o " dono " de Roland Garros, encantava os franceses e todos os que gostam do esporte. Aí, veio a contusão, uma cirurgia,a tentativa de voltar a ser o jogador de antes, uma nova cirurgia e o nosso Gustavo Kuerten não mais alcançou a antiga condição física. Aí, começamos a ver o Guga perdendo partidas para tenistas que antes "não lhe amarravam o cadarço do tênis" . Pronto, era o que essa turma dos "contra-ídolos" se fartar. Pô, eu via angustiado o Guga tentando de tudo para chegar nas bolas, mas faltava aquela fração de segundo que no nível top do esporte faz a diferença. Só que a decisão de parar tinha que ser dele, não minha ou de ninguém. E tome deboche em cima do Guga. Fiquei realizado ao ver o nosso tenista, em sua despedida das quadras, receber do público francês em Roland Garros o reconhecimento devido pela sua arte, pelo seu talento. Obrigado pelas alegrias Guga, valeu mesmo !