quarta-feira, 25 de março de 2009

AS LOUCURAS NO TRÂNSITO

É na forma de se comportar ao volante que revelamos as nossas características de personalidade. Caso eu fosse um psicólogo, acho que seguiria o meu futuro cliente sem que ele percebesse, durante algum tempo, para conhecer bem fundo e logo de cara, a alma de quem seria assistido por mim.

Bastam alguns quilômetros, para observar quem é a pessoa : equilibrada, consciente, capaz de perceber que o automóvel nada mais é que um meio de transporte, ou agressivo, violento, do tipo que enxerga no seu carro um instrumento de poder, quando não a extensão do próprio pênis, buscando encontrar no motor do seu veículo a potência que quase sempre lhe falta na cama.

Os casos mais graves são aqueles que consideram um atentado à dignidade permitir que um outro automóvel mude de faixa à sua frente. E, nessas horas, melhor bater a exibir a sua fragilidade dando um leve toque no freio. Ser ultrapassado numa estrada, então, é algo inegociável . Antes a morte numa capotagem, que carregar consigo para sempre esse ultraje.

E os que se consideram não motoristas, porém pilotos de competição ? se sentem capazes de realizar as maiores proezas, calculam a tangência das curvas, os espaços de frenagem, a sua colocação no vácuo do "competidor" à frente e se delicia com o orgasmo mental que lhe é proporcionado por uma calculada ultrapassagem ... .

Há também o que, quando sai de uma garagem em meio ao rush, espragueja xinga, ameaça bater o carro, tem como seres desprezíveis os que não lhe permitem ingressar na corrente de trânsito. Só que, quando ele está no "outro lado do balcão" , é definitivamente incapaz de dar uma colher de chá a quem está ali, pedindo pelo amor de Deus uma chance para conseguir deixar a garagem . Alías, falando em garagem, esse tipo entra e sai delas colocando em risco a integridade física dos pedestres passantes, os obrigando a saltos de canguru para não serem atropelados.

Mas, nem tanto ao mar, nem tanto à terra, pois o excessivamente cautelosos ( como eu ) , se não bate, também não contribui muito com a fluidez do trânsito. Não vamos esquecer do distraído, aquele cuja seta está piscando para a direita e ele vira para a esquerda, do que adora dirigir dando gargalhadas ao celular, do que coloca alguma coisa no colo para ler, dos egoísta que para em fila dupla para bater papo, pouco se importando com o tumulto que se forma à sua volta.

E, por fim, ainda há a violência desmedida, seja de assaltantes, seja de quem reaje à bala a uma fechada, mesmo que não intencional.

Eu só sei que dirigir, especialmente em nossas grandes cidades, está cada dia mais difícil. Muita calma, fé em Deus e faça a sua parte, buscando evitar que o seu nome venha a ser incorporado às tristes estatísticas do trânsito.