quinta-feira, 19 de março de 2009

A "CARTEIRINHA" DE TORCEDOR

Sou daqueles que se revoltam com a burocracia reinante ( e sempre crescente ) no Brasil. E não podemos imputar responsabilidade ao PT pelos abusos de poder que são praticados, pois essa postura vem de longe, talvez dos tempos de nossos bravos descobridores.

Chegamos a ter por aqui um Ministro da Desburocratização, O Sr. Hélio Beltrão, desses homens públicos que antigamente existiam no país, infelizmente não com a abundância desejável : digno, bem-intencionado, trabalhador, competente, Hélio Beltrão, homem de visão política conservadora, sempre foi considerado, por consenso, como possuidor de caráter inatacável. Pois bem, a luta do Dr. Beltrão contra esse hábito cultural brasileiro de considerar todos "culpados" até prova em contrário acabou sendo derrotada pela "burrocracia" que hoje é ainda muito mais ampla que há quase três décadas, período em que atuou o nosso ministro.

Bem, a conversa acima é para chegar na tal "carteirinha" de torcedor. Eu moro a poucas quadras do Estádio do Morumbi e adoro futebol. Mas, perdi o hábito de frequentar estádios. Eu e milhares de famílias que não se atrevem a enfrentar a possibilidade de se verem em meio a um confronto entre essas torcidas " organizadas", por onde costumam transitar verdadeiros marginais, e a violenta repressão policial . Nessas horas, acaba "sobrando" para todo mundo, aí incluídas mulheres e crianças.

O problema ( esse eu não tenho ) começa pelo estacionamento nas imediações do estádio. Muitas vezes, antes de jogos, passeio com os meus cachorros e testemunho o achaque dos tais "flanelinhas" . O motorista que ouse não pagar os "vintinhos" que lhe são exigidos. Vai gastar muitos "vintinhos" reparando os danos na lataria do seu carro.

Já dentro do estádio, havendo escapado de algum tumulto nas suas proximidades, o torcedor, muitas vezes acompanhado pela mulher e filhos pequenos, encontra, tranquilamente sentados nas cadeiras numeradas e muito caras que comprou, uns cafajestes que lhe desafiam : " qual é, ô meu, quer que a gente saia daqui ? vem tirar ". Bom, melhor deixar pra lá pois não existe essa de chamar um policial para resolver o assunto. Primeiro, não se acha nenhum e, se achar, ele vai dizer que esse tipo de problema é com a Federação. Na saída, as torcidas estão deixando o local em tempos diferentes ( uma delas fica retida até o escoamento da outra ) . Mas nada impede que surjam conflitos entre facções da mesma torcida ou que grupos de torcidas "inimigas" se encontrem nas cercanias do estádio.

Mas, chegando nas " carteirinhas" . É fácil observar que os dirigentes dos clubes de futebol "patrocinam" as suas diversas torcidas, principalmente as lideranças, verdadeiros profissionais que vivem dessa atividade. Acho até que os dirigentes têm medo dessa turma e preferem comprar a sua simpatia. Pois bem, os fomentadores da violência nos estádios e nos percursos que levam a eles, não há a menor dúvida, parte desses grupos. Nas arquibancadas, próximo a esse pessoal, o odor de maconha é insuportável. Então, os "chefes de bandos" não querem ser identificados de jeito nenhum, pois acabariam sendo punidos com uma verdadeira "sentença de morte" : arranjou confusão, está proibido de ingressar em estádios de futebol.

Aí vêm os clubes e se manifestam contra essa "burocracia" de identificar os frequentadores de estádios. Na minha opinião o sujeito, antes de lhe ser entregue uma dessas carteirinhas, deveria ter a sua folha-corrida cuidadosamente vasculhada. Garanto que a violência no futebol seria drasticamente reduzida. Por isso, segue aqui o meu endosso a mais uma ação petista, desta feita da lavra do Ministro dos Esportes, o comunista e baiano Orlando Silva. Carteirinha neles !

A propósito, deixando aflorar o meu lado saudosista, sou do tempo da primeira torcida organizada surgida no Brasil : a Charanga do Flamengo, chefiada por Jaime de Almeida, um animado e pacífico grupo que, com o uniforme do Mengão, contava com uma bandinha que contagiava o Maracanã, tocando músicas de carnaval o tempo todo, sempre à esquerda das Tribunas. Nenhuma briga, violência zero ! Aos poucos os outros clubes cariocas foram imitando a Charanga do Flamengo e criaram as suas torcidas. Queiram ou não, bons tempos aqueles ...