quarta-feira, 4 de março de 2009

DOIS TEMAS EVITADOS : ABORTO E SUICÍDIO


Questões quando muito sussuradas nas rodas de conversas sociais e familiares o aborto e o suicídio, vez por outra, acabam por atingir de modo mais ou menos próximo a todos aqueles que transitam nesse incrível vale de risos e lágrimas.

Embora respeite e considere opiniões divergentes, me coloco frontalmente contrário ao aborto, especialmente nos casos em que praticá-lo decorre da consideração que o momento não se faz oportuno à chegada de um bebê. Para mim, a partir da fecundação, existe uma vida que merece o direito de ser respeitada . Entendo a vida como o bem pertencente exclusivamente ao seu detentor. Não estando ele ainda habilitado a defender à própria existência, outros deverão atuar na sua preservação, a partir daqueles que foram responsáveis pela concepção. Mecanismos de assistência, orientação e apoio à mulher-gestante, assim como ao rebento, devem ser instituídos pelo Estado e, na omissão dele, pela família consanguínea.

Já no que diz respeito ao suicídio, o tabu permanece intocável, como se não houvéssemos ingressado em um novo milênio. No início do século XX, a tuberculose era mencionada ao pé do ouvido, como se fosse um crime contraí-la. Depois, surgiu o câncer e esse nome nem era pronunciado. Preferiam dizer "aquela doença ruim", ou outro eufemismo qualquer, nunca esquecendo de bater com a mão na boca.

Nos dias atuais, felizmente, as doenças já são mencionadas abertamente, inclusive a aids que pode ser contraída pela "via do pecado" ( ? ! ). Uma belíssima evolução, sem dúvida.

Por que, então, permanece como há cem anos todo esse preconceito em relação ao suicídio ? Não acredito nessa conversa fiada de que todos os suicidas estariam padecendo de algum desequilíbrio mental. Claro que o processo está instalado em muitos episódios. Mas, por acaso, não é possível a alguém perfeitamente são concluir que está de "saco cheio da vida" e que dela quer cair fora ? eu, de minha parte, defendo o direito de viver, como também defendo o direito dos que querem morrer, sem que isso seja sempre entendido como uma forma de agressão aos familiares e amigos sobreviventes. Tive um caso recente de suicídio em minha família e me permito acreditar que quem cometeu o gesto havia, simplesmente, chegado à conclusão de que a vida não mais lhe estava valendo a pena. Entendo e respeito, embora lamente tal decisão.

Doloroso mesmo é ver os que lutam desassombradamente pela vida, a amam, e acabam por sucumbir à uma indesejável convocação da morte.