terça-feira, 18 de agosto de 2009

O Presidente Lula Conhece Limites ?

Vocês deverão estranhar, mas hoje farei um apelo quase patético ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Não em meu nome, pois, já faz tempo, me dei conta de quem é o verdadeiro Lula, o seu caráter, a sua dignidade, os seus escrúpulos.

Venho, humildemente, me reportar ao presidente da República, em nome dos brasileiros dignos, decentes e bem intencionados que, num exercício quase poético, viram em Lula aquele imigrante nordestino, homem quase analfabeto, que deixou Garanhuns-PE num pau de arara, com a mãe e os irmãos e que, chegando ao Estado de São Paulo, batalhou, passou por necessidades, mas foi um bravo e se saiu vencedor, na atividade sindical e na política, onde perseverou a ponto de não se deixar desestimular ao perder três eleições sucessivas, como candidato à presidência da República.

Água mole em pedra dura..., na sua quarta tentativa, operou-se o milagre : o torno e o macacão finalmente venceram a velha oligarquia dos punhos de renda e da caneta, e o Lula se sentou na cadeira presidencial do Palácio do Planalto.

A emoção de ver aquele homem humilde, saído das mais pobres camadas da população, fez pulsar forte os generosos corações dos brasileiros . Era o "Lulinha Paz e Amor" que, sem medo, mostraria aos políticos corruptos, aos salafrários, aos alpinistas da ascenção material às custas do erário, o que é um governo que "NÃO ROUBA, NEM DEIXA ROUBAR" . "Tremei, velhos sangue-sugas da nação, o seu tempo terminou !"

Havia, por parte de um grande número de brasileiros conscientes e simpatizantes de Lula, algum receio sobre o preparo do presidente para desempenhar tão relevante missão. Havia dúvidas, também, quanto a aspectos ideológicos do novo governo. Essas dúvidas logo foram dissipadas. Lula deu o tom da sua gestão, nomeando para a presidência do Banco Central do Brasil, um ex-banqueiro de expressão mundial, Henrique Meirelles, e para o Ministério da Fazenda o ex-prefeito da cidade de Ribeirão Preto, Antonio Palocci, que , de pronto, manifestou a sua mais absoluta concordância com as linhas mestras da política econômica que vinha sendo executada pelo governo anterior, sob a condução de Pedro Malan, no Ministério da Fazenda, e Armínio Fraga, no comando do Banco Central do Brasil.

Superados os temores, o governo iniciou o seu mandato, sob as mais otimistas expectativas da nação.

Foi quando explodiu o escândalo do mensalão. Parlamentares dos partidos denominados "base de apoio ao governo" eram "remunerados" para votar favoravelmente às matérias de interesse do Palácio do Planalto. O "mensalão" custou a Chefia da Casa Civil e, posteriormente, o mandato de deputado federal a José Dirceu. O presidente Lula, na ocasião, inaugurou a "série do não sabia" . Os brasileiros admiradores de Lula, com alguma dificuldade, é verdade, engoliram a desculpa. Bambearam mais um pouco em suas convicções quando o presidente deu entrevista na Europa, afirmando que "todo mundo tem caixa dois".

Os Lulistas mais conscientes se perguntaram, " mas a vinda do Lula não foi para combater e acabar com essas práticas ? , enfim ... ".

Mas os "não sabia", foram se sucedendo, escândalo após escândalo. Nem vou citá-los, por enfadonho, tão conhecidos são.

Diante de tantas evidências, restaram dois argumentos de defesa aos Lulistas éticos : os números favoráveis da economia e " a política é sordida ! ". Mas, então, o Lula teria vindo para também "surfar nessa onda de sordidez ?"

A defesa está ficando cada dia mais custosa aos Lulistas éticos. Só que, nos últimos tempos, o Lula está sacrificando demais os seus mais entusiasmados defensores. O apoio à candidatura Sarney ( PMDB - MA/AP ) à presidência do Senado, traindo o seu companheiro de partido Tião Vianna ( PT - AC ), os afagos à Renan Calheiros ( PMDB - AL ) e a Fernando Collor de Mello ( PTB - AL ), a defesa à biografia de Sarney que "não é um qualquer", está difícil para o Lulista ético digerir.

Ontem, porém, Lula insultou, não a mim, a quem faz tempo não engana. Insultou os Lulistas éticos que ainda restam na "batalha", ao desafiar a ex-secretária da Receita Federal Lina Vieira a mostrar a sua agenda, contendo a pauta do encontro que teria tido com a Chefe da Casa Civil, Dilma Roussef. Pretende Lula que, confrontadas as agendas de Lina e de Dilma, se tenha a prova definitiva do ocorrido . Não é um verdadeiro escárnio ? Será possível que um encontro, onde a Sra. Dilma teria pedido à Secretária da Receita Federal para, em outras palavras, solicitar ( ou determinar ) que parasse de auditar as empresas da família Sarney, seria detalhada numa agenda ? Que tal seria esta redação : " Dia tal, às tantas horas, visita à Secretária da Casa Civil, Dilma Roussef, para receber instrução de encerrar as auditorias sendo realizadas nas empresas de Fernando Sarney."

Lula não precisava dizer uma abobrinha dessas, se dirigindo aos beneficiados pelo bolsa-família. Eles ignoram e vão continuar ignorando esses assuntos. Mas, para os Lulistas éticos ( e, pasmem, eles existem ! ) essa não dá para engolir, nem tomando junto um jarro d´água. A minha impressão é que, diante de tantas e tão seguidas aberrações, pessoas da mesma qualidade moral do íntegro Frei Betto, também se indignarão diante das defesas intransigentes a políticos do tipo José Sarney. Será que não é mesmo possível estabelecer limites morais e éticos às ações políticas ? Ou vão, pessoas decentes, compartilhar com Sarney, Renan, Fernando Collor, Wellington Salgado, Almeida Lima, etc. ?

Quem desejar se indignar um pouco, assista a este filme que está correndo pela internet.