quarta-feira, 12 de agosto de 2009

A Constituição Cidadã de 1988

Art. "1o - Todo Poder Emana do Povo Que O Exerce Por Meio De Representantes Eleitos Ou Diretamente, Nos Termos Desta Constitução" . Pois é, vamos reclamar de quê, se "passamos procuração" para a turma toda que está aí dando as cartas ? Será que daríamos aos parlamentares e ocupantes do Poder Executivo hoje nos representando, uma procuração com plenos poderes para que cuidassem dos nossos bens, dos nossos interesses, da nossa segurança, do nosso futuro e dos nossos filhos ? Acho que não daríamos, só que, na prática, é o que fazemos, como coletividade, a cada nova eleição.

Mas, se eu que, mal ou bem, procuro estar informado, leio jornais, revistas, assisto à televisão, ouço rádio e visito sites e blogs na internet, fico na maior insegurança em eleger os meus "procuradores", quanto mais quem não está nem um pouquinho ligado nesse assunto. Pessoas de ótimo nível de educação, costumam sair de casa em dia de eleição, sem ter a menor idéia em quem irão votar. Para presidente da República, Governador e Prefeito, ainda há pré-escolhas, ou por simpatia, ou por antipatia pessoal. Em relação aos demais cargos eletivos, chega a "dar um branco", tamanha a confusão. Só que, se formos oferecer um prêmio de R$ 10.000,00 aos que sejam capazes de relacionar os candidatos em que cada um votou no último pleito, para senador (es), deputado federal, deputado estadual e vereador, poucos serão os ganhadores dessa grana. Arrisquemos, então, pedir ao eleitorado uma análise do desempenho de mandato dos seus "políticos-procuradores" ... . Olha, pelo menos 95% dos cidadãos não vão lembrar de todos os candidatos que foram ungidos com os seus votos e, dos 5% restantes, 4% não acompanham a atuação dos parlamentares que foram eleitos com o seu "empurrãozinho".

Será que estou exagerando ? Acho que não e acredito que enquanto esse panorama não for sensivelmente alterado, vamos continuar assistindo a políticos cometerem barbaridades e não se atemorizarem, a ponto de dizerem que "estão se lixando para a opinião pública".

Aí, sou forçado a reconhecer que o meu primo tem uma boa parte de razão, ao avaliar a política como sendo sórdida. O problema está em que essa sordidez faz com que dela se afastem as pessoas que a poderiam servir com um trabalho digno e capaz e, a contrário senso, atrái cada dia mais os pilantras, os que vêem na atividade política um verdadeiro portal para o enriquecimento pessoal.

A figura do presidente da República, nesse contexto, é definitiva. Ele dá o "norte", a direção a ser seguida. O seu exemplo de conduta está para a nação, assim como o exemplo da figura paterna está para a sua prole.

Como quebrar esse doloroso círculo vicioso ? Penso que só através do velho adágio " o exemplo vem de cima " . Precisamos imediatamente de presidentes da República íntegros, de Governadores íntegros e de Prefeitos íntegros. É mais fácil, afinal, para os eleitores, controlar esses três políticos mais de perto, pois estão expostos à grande mídia, e aos olhos da população. É fundamental que essas figuras não tentem governar "comprando" congressistas e vereadores, em nome de uma pseudo governabilidade. Que convoquem a população para uma parceria e dêem o exemplo, não se permitindo fragilidades éticas e exigindo punição para os que os cercam e são flagrados cometendo irregularidades. Eu penso que os brasileiros, ao perceberem que "nem todos os políticos são iguais", saberão responder a uma convocação da decência. Já aconteceu antes, quem não se lembra das "diretas já" e do " Fora Collor" ? Só que sobreveio a decepção, o sentimento de ter sido ludibriado.

O meu primo que me ensina, e com razão, ser a "política sórdida" , deve estar impressionado com a minha ingenuidade e o meu interesse em perseguir a utopia. E, sinceramente, as probabilidades de ele estar certo e eu errado, são enormes. Mas, afinal, se eu quero alimentar um sonho é por preferir acreditar que a nossa passagem pela vida, afinal, não vai além mesmo de um sonho e, por isso, eu acabo me tornando uma espécie meio idiota de "poeta do impossível".