sexta-feira, 14 de agosto de 2009

As Manifestações Na Paulista

Hoje vou pedir licença a vocês para abordar um tema regional mas que, na verdade, se repete em todas as principais capitais do país. São as tais manifestações, das mais diversas naturezas e que servem para estressar ainda mais um pouco, os pobres habitantes de São Paulo.

A Avenida Paulista, por exemplo, fica numa posição geográfica estratégica : ela, grosso modo, se situa na parte mais alta da cidade e a divide entre sul e norte. Impossibilitado o acesso à essa via e o correr do trânsito por ela, simplesmente se paraliza a cidade de ponta a ponta. Pior, na região dessa importante artéria, estão concentrados a maioria dos nossos hospitais, clínicas médicas, laboratórios e consultórios.

Pois muito bem, parar a Av. Paulista é estabelecer definitivamente o caos na cidade que, em dias normais, já padece de engarrafamentos infernais, violência urbana incontrolável e a imposição de rodízios de placas, cujos proprietários de veículos ficam cerceados um dia por semana, no seu basilar direito de ir e vir. Para os assaltantes, então, o caos urbano é uma dádiva dos céus. Com os automóveis imobilizados, os marginais dispõem de todo o tempo do mundo para aterrorizarem seus motoristas e levarem celulares, aparelhos de GPS, bolsas, carteiras, documentos, etc. . E o infeliz paulistano ainda levanta as mãos para os céus, agradecendo a Deus por não ter sido morto, para engrossar as estatísticas policiais, vista com absoluto descaso pelas autoridades.

Hoje, você é vítima de uma violência e lhe perguntam, acusando : " Poxa, quem manda ter carro bacana ? Quem manda ter GPS no automóvel ? Como vai andar com um celular tão caro ? Você estava maluco, usando "relógio de marca", queria o quê ? Ou seja, de vítima você passa a ser alguém que "merecia passar pelo que passou ..." Já tem rico se disfarçando de pobre, parece piada ...

Pois muito bem, os sindicalistas dos milhares de sindicatos existentes na praça, já sabem muito bem que parar a Av. Paulista, é parar a cidade deixando onze milhões de pessoas em estresse máximo. E é o que eles fazem, quase diariamente, sob os olhares cúmplices, quando não sob as bençãos, das nossas autoridades. Isto é que é praticar a democracia ! Para quem não sabe, existe um Decreto Municipal, de 1995, proibindo qualquer manifestação popular na Avenida Paulista.

Estivéssemos vivendo num país decente, seria criado um local apropriado para essas manifestações, uma espécie de Parlatório Oficial, com direito a estacionamento de carro de som, ônibus, arquibancada, banheiros, água fresca, o escambau ! Quer " meter bronca, xingar o patrão, reclamar do governo ? ", Sem problema : é lá ... ". Fora dali, nem pensar ! . Afinal, que democracia é essa em que cem, duzentas, trezentas pessoas ( que normalmente não trabalham, não pagam impostos, pelo contrário, vivem de impostos sindicais ), podem tumultuar a vida de onze milhões de cidadãos , alguns deles tentando desesperadamente chegar aos hospitais ? Isso é democracia, ou esculhambação, ou um " salve-se quem puder, uma terra de ninguém ? " .

Ontem, tivemos os sem-terra querendo chegar no Palácio Bandeirantes, um caos para a região. Hoje, esse caos se transportou para a Avenida Paulista e a cidade parou, era o que queriam. Não mais de 300/400 pessoas, tumultuando a já castigada paciência e saúde de milhões de paulistanos.

Bem, deixa prá lá, não tem jeito, vai ser sempre assim ... . Estamos "sobre - vivendo" em São Paulo, Brasil.