quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Nós Não Somos Nada Mesmo ...

Eu, péssimo observador das coisas materiais, pior ainda se essa coisa material se chama dinheiro, costumo ser um razoável analista da personalidade dos seres humanos.

Com sessenta e três anos nas costas ( por quê será "nas costas" ? "Na frente" teremos outra idade ? ) , acho que já cruzei com um considerável número de diferentes personalidades. Entre elas, destaco dois extremos, um que aprecio profundamente e outro que reputo execrável. Quais seriam ? Vou começar pelo ruim e, seguramente, mais comum : as pessoas que alcançam determinadas posições na vida e se exibem para o resto ( aí é no sentido de resto mesmo ) da humanidade como se fosse uma especial concessão se relacionar com os comuns dos mortais. Querem um perfeito exemplo do tipo a quem me refiro ? Assistam a uma sessão do Supremo Tribunal Federal. Os ministros do Supremo, com uma ou outra exceção que confirmam a regra, não costumam andar, eles flutuam, deslizam, como se estivessem pisando em tapetes mágicos . As suas vozes, mais que simples soberba, denotam mesmo um certo enfado, por terem que exibir a sua grandeza e sapiência a uma platéia de enérgumenos que assistem à TV Justiça ( entre os quais este aqui ) .

Muitos se quedaram perplexos e indignados com o "barraco" que rolou no STF, entre os Ministros Gilmar Mendes ( Presidente ) e Joaquim Barbosa. Pois eu não, até gostei. E sabem a razão ? Ali, naquele momento de estresse, os nossos dois Ministros do STF se revelaram como sendo seres humanos, sujeitos, como todos nós, a perder as estribeiras, a ir ao banheiro, a sentar "no trono", a fazer certas coisas não próprias de divindades como, regularmente, se pretendem fazer parecer. Coitados, não se dão conta que daqui a 50 anos, nem mesmo os mais dedicados estudantes de direito, saberão dizer quem terão sido todos os nossos atuais Ministros do STF.

Bom, mas há piores, alguns, ao se verem nomeados "chefes de seção" de uma obscura repartição pública, já empinam o nariz e arrotam grandeza. Também não faltam os que, ao menor vislumbre de sucesso em sua vida pessoal, já inflam o peito, empostam a voz e começam a querer falar grosso, se auto-nomeando, " Vejam, eu sou O Cara" ...

Na outra face da moeda, temos, felizmente um grupo de pessoas que, vitoriosas, pelos padrões de avaliação da sociedade, permanecem exatamente a mesma pessoa que foram "antes do estrelato" . Essa turma, creio eu, não perde a consciência de que o poder, os bens materias, o sucesso e a própria vida, são elementos absolutamente transitórios e nenhum deles deixará de sucumbir à marcha implacável do tempo.

Mas, como eu citei o exemplo dos nossos "altivos" Ministros do STF, vou mencionar o nome de uma pessoa com quem, durante uma década, ou um pouco mais, eu tive o prazer e a honra de conviver em muitos momentos, sendo sócio de uma empresa de construção e incorporação imobiliária que manteve uma longa e frutífera parceria com a Aricanduva, o braço imobiliário do grupo empresarial pertencente ao Sr. João Saad . O Seu João, como ele era chamado por todos, era de um magnetismo, de uma simplicidade, de uma simpatia,de um entusiasmo que o fazia capaz de, numa simples conversa de meia hora, conquistar o seu interlocutor para o resto da vida. As reuniões com o Seu João, costumavam acontecer em sua sala, perto da hora do almoço e, confesso, ficava sempre feliz quando, quase invariavelmente, ele perguntava se poderíamos almoçar com ele em seguida. E, essa minha alegria ficava por conta de ouvir os "casos" deliciosamente contados pelo nosso anfitrião, sobre política, sobre a cidade de São Paulo, sobre os bastidores da televisão. Era só "provocá-lo" e o Seu João ia longe nas suas histórias. Foi uma pessoa que marcou a minha vida pelo lado bom, sem dúvida.

E, como o tempo corre mesmo célere... Em 10 de outubro próximo, se completará o décimo ano da morte desse grande comunicador "atrás das cameras".

Quando "à turma" dos narizes empinados, sugiro que se tentem localizar na foto acima . Na verdade, eles são tão pequenininhos e insignificantes que dá até pena ver a sua empáfia ...