sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

A FORÇA DA GENÉTICA


De saída, comento o quanto me causa perplexidade a forma intensa como a genética interfere nos seres humanos. A ciência, a cada dia, marcha no sentido do estudo da genética e da possibilidade de nos utilizarmos dela para a prevenção das mais diversas doenças. Mas a influência genética não se esgota nos aspectos físicos . Pelo contrário, no âmbito do psicológico, da formação da personalidade é onde mais encontramos raízes em nossos ascendentes.

No meu caso em particular, é especialmente comum eu me surpreender agindo de uma forma extremamente idêntica a do meu pai. Dele, sem nenhuma dúvida, não herdei a inteligência nem a extrema capacidade de dedicação às causas que abraçava. O meu pai foi aluno brilhante enquanto eu detestava estudar. Nesse particular nos identificamos apenas no prazer da leitura. Até aí, o nosso jogo genético permanece empatado em 1 X 1 . Na dedicação, sofro derrota fragorosa. O Jayme pai se formou em medicina pela, à época conceituadíssima, Faculdade Federal de Medicina da Bahia, aos 21 anos, após dois anos trabalhando como interno num Hospital Psiquiátrico Público. Defendeu tese de doutoramento de forma brilhante, na opinião de seus mestres, abordando a ocorrência de diversos casos de lucidez nos momentos de agonia de alienados mentais. Como se não bastasse, o meu pai aprendeu inglês com um vizinho, engenheiro britânico, que trabalhava em Salvador e viu naquele rapaz uma determinação tão grande em dominar o seu idioma, que lhe ministrou gratuitamente aulas particulares. Já o francês foi aprendido na escola e principalmente na leitura de obras clássicas da literatura francesa.

Enquanto isto, eu, rapazinho, me preocupava muito em ir à praia, jogar sinuca, bater-papo nas rodas de amigos, frequentar o Jockey Club e o Maracanã. A meu favor, só o hábito da leitura, aí incluindo os jornais e livros .

Cadê então a identidade genética ? Por esse depoimento se conclui haver existido entre mim e meu pai, isto sim, uma flagrante imcompatibilidade genética. De fato, parece verdade. Nas fases iniciais da vida éramos absolutamente distintos. Ele, dedicado aos estudos, eu, ao lazer. Na nossa vida adulta, porém, o efeito genético se fez presente e de forma avassaladora.

De que jeito ? relaciono alguns exemplos de como ele foi e eu continuo sendo :
Cumpridor de horários, amigo da rotina, sempre fiel aos lugares de que gosto, apreciador de reuniões pequenas, íntimas, meu cômodo predileto em casa é o quarto, embora meu ritmo biológico seja matutino, preservo o anonimato, transitar pelos lugares sem ser reconhecido, meus armários e escrivaninha estão sempre organizados, mantenho o hábito de ouvir rádio, não perco a oportunidade para pregar peças e ironizar a ingenuidade dos crédulos com quem me relaciono, detesto prepotentes, vaidosos e esnobes, abomino os que costumam maltratar os que lhe estão em inferioridade e bajular os que consideram poderosos e não suporto ler jornais amarfanhados.


Bem, puxando pela cabeça, encontraria mais algumas dezenas de características comuns entre mim e meu pai. O negócio é de tal ordem, que, muitas vezes frente ao espelho num gesto qualquer como pentear os cabelos, tenho a nítida impressão de estar vendo ali refletida não a minha mas a imagem do meu pai. E gosto disso.

SEXTA, 27/02/09

- Lula dá um tapa no focinho desse Edison Lobão ( PMDB - MA ) e no próprio PMDB, abortando a tentativa de trocar o comando da Fundação Real Grandeza, das estatais Furnas e Eletronuclear. Lobão saiu totalmente queimado do episódio. Tivesse um mínimo de brio e pediria as contas. Mas esse pessoal sabe lá o que é brio ? já deve estar fuçando outro eldorado para lá colocar "gente de sua confiança";


- Hamas e Fatah selam compromisso de formar governo de união nacional. Bem, sendo pra valer, é um bom começo para a reconstrução da Faixa de Gaza e para futuras negociações com Israel, já que Binyamin Netanyahu ( Bibi ), líder do partido direitista likud, manifestou estar disposto, como premiê de Israel , a envidar esforços no sentido de alcançar a paz para a região admitindo a criação de um Estado palestino. Que os Deuses iluminem os espíritos de todos os envolvidos na empreitada;


- Mais uma atração para os turistas que vão à Itália : a tal de Liga Norte, que faz parte da coalizão de governo do primeiro-ministro Berlusconi, pretende criar "centros eróticos". Nesses locais trabalhariam as prostitutas ( e os prostitutos ? ), afastando das ruas o chamado "comércio do corpo" . Segundo matéria do Estadão, em Roma já está em pleno vigor lei que aplica multa de 500 euros a quem, nas ruas, se aproximar de prostitutas. Cuidado você que está seguindo para Roma com o propósito de ver o papa e, de repente, é surpreendido por um carabiniere a menos de um metro daquela moça bonita que circulava na calçada;

- Por falar em Vaticano, o tal bispo Richard Williamson, aquele inglês que negou o holocausto e anda pensando em solicitar asilo político ao laico ministro Tarso Genro, pediu perdão às vítimas do Holocausto e à Igreja Católica, "mas não deixou claro se havia mudado de opinião", segundo informa o Estado de São Paulo. Não seria má idéia se o papa Bento XVI mandasse esse camarada passar uma boa temporada no Afeganistão, pregando o cristianismo para os talibãs ? ;


- Presidente Obama gastará mais com diplomacia e menos com guerra, nos informa de Washington a Folha de São Paulo. Os gastos com as duas guerras em andamento, Afeganistão e Iraque, diminuiram pela primeira vez em sete anos, assim como reduziu-se o ritmo de despesas com a Defesa, fato inédito na história recente do país. O Pentágono, aliás, é a terceira pasta menos favorecida nos aumentos, com 4% sobre 2009. Os gastos com diplomacia sempre foram ínfimos, se comparados com aqueles voltados para a Defesa. Uma diminuição de distância entre ambas seria uma clara demonstração de mudança da tendência bélica que marcou o abominável governo Bush.



- O calote no pagamento de prestações de financiamento à compra de veículos gera novo recorde de inadimplência. Surpreende ? não. A inadimplência cresce ou diminui na razão direta do incremento ou da retração de salários e empregos. E o problema não se restringe apenas aos automóveis, pois aqueles chamados "populares" andaram sendo financiados em 84 meses sem entrada, um verdadeiro convite ao sinistro de crédito. Unidades habitacionais, ao longo de 2007 e 2008, foram disponibilizadas no mercado em condições absolutamente irreais. Quando os compradores começarem a fazer a conta : " o meu imóvel custou 350. Já paguei 50, devo 400 e o imóvel hoje está valendo 280 ? tô fora ! " . E olha que vai sobrar é imóvel, isto sem contar as obras que nem vão sair do chão e as que ficarão pelo caminho. Este filme eu já assisti e em muitos " cinemas " diferentes, nos últimos 40 anos;

- Em outras épocas fui, com a minha família, um consumidor entusiasmado dos chamados cruzeiros marítimos. É bem verdade que as viagens feitas não foram internas, mas fato é que nunca tive do que me queixar, a não ser nas chegadas dos navios, quando se tem que passar por aduana e imigração. Mas, pela leitura dos jornais e alguns depoimentos, inclusive de meu filho, esses cruzeiros tem acarretado muitos dissabores aos seus participantes. A bola da vez agora foi o Costa Romântica que ficou por 22 hs. ancorado a 13 km. da costa de Punta del Este, por conta de um incêndio ocorrido em um gerador de eletricidade. Os passageiros permaneceram a bordo em condições precaríssimas, inclusive sem luz e água e sendo alimentados com sanduiches. Pior é que, nestas últimas férias, não foi este o único incidente. Aconteceram em diversos barcos problemas de diferentes espécies, passando por surtos de diarréia, intoxicação alimentar e alguns óbitos ;


- Os Estados Unidos projetam um déficit de US$ 1,75 trilhão em 2009, equivalentes a 12,3% do seu PIB. Esta relação entre déficit e PIB é a mais alta registrada desde o final da segunda guerra. A situação encontrada pelo Presidente Barack Obama é realmente muito difícil e nos deixa a todos em estado de total perplexidade diante da absoluta falta de controle com que operava todo o sistema financeiro norte-americano. A não interferência do Estado nos negócios do mercado fez com que espertos altos executivos criassem mecanismos de captação de recursos sem nenhum lastro e daí se fartassem em bônus e gratificações milionárias. Uma pouca vergonha essa gente que, lá como aqui, deve acabar impune e difícil ter de reconhecer mais essa monumental vulnerabilidade da grande meca do sistema capitalista ;

- E, já que estou batendo forte nos Estados Unidos, uma noite dessas assisti na televisão ao documentário sobre o Sistema de Saúde Americano ( Público e Privado ) ,obra do cineasta Michael Moore, intitulado Sicko - S.O.S., e mais uma vez me vi frente a cenas que me impressionaram fortemente. É bem verdade que Mike Moore é um ácido crítico do governo norte-americano. Ainda assim, acreditando que as situações demonstradas não sejam fruto de calúnia, é espantoso o tratamento oferecido a quem passa pela desgraça de precisar de assistência médica nos Estados Unidos ( o mesmo se for vinculado a um Plano de Saúde desses mais populares ) . A certa altura do documentário, um grupo de norte-americanos residentes em Paris oferece depoimentos enaltecendo os bons serviços da saúde pública francesa, acrescentando : "Aqui o governo tem medo do povo. Nos Estados Unidos, o povo tem medo do governo ". Foi quando eu pensei, e no Brasil ? no Brasil, o que é nosso direito, ou é simplesmente ignorado ou, quando somos atendidos com urbanidade e eficiência, em repartição ou hospital público, temos vontade de beijar as mãos do funcionário que nos atendeu em agradecimento a ele ter, exclusivamente, cumprido com a sua obrigação. Incrível, não é mesmo ? mas assim somos e, se mudanças houver, não será para assistirmos.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

E DE SÃO PAULO, HÁ LEMBRANÇAS?

Av. Paulista nos anos 60 e hoje

Claro que sim. Muitas e boas. Sendo as férias de fevereiro sagradas no que se refere às viagens a Salvador, sempre na casa do avô Abreu, São Paulo era um destino certo para os Natais e passagens de ano.

Partíamos do Rio de Janeiro, da antiga Estação Rodoviária da Praça Mauá, onde embarcávamos no "top das linhas rodoviárias", os ônibus da Viação Cometa que faziam a linha Rio - São Paulo, já então equipados com ar condicionado, poltronas reclináveis e outras modernidades. Depois de paradas em Itatiaia e Roseira, chegávamos a São Paulo,onde a Viação Cometa tinha seu terminal em plena Av. Ipiranga, rumando para a casa de uma das tias, irmãs da minha mãe : Zelita, Maria Antonieta e Mariita. A tradição impunha que a ceia de Natal fosse na casa da tia Mariita e o almoço do dia 25 na casa da tia Maria Antonieta. Já o jantar de 31 de dezembro (com todos acompanhando pela TV a São Silvestre e o tio Alberto descascando e saboreando sem pressa as castanhas de que tanto gostava) era sempre oferecido pela tia Mariita, sendo o almoço de primeiro do ano servido na casa da tia Antonieta que, conhecedora da merecida fama de alguns convivas ( eu e meu irmão Gustavo, como destaques ), repetia preocupada : "sirvam-se à vontade, pois tem mais lá dentro" .

Essas reuniões de família eram concorridas e animadas e, se eu gostava muito das irmãs da minha mãe, alegres e carinhosas, não podiam ser outros os sentimentos em relação aos tios afins Alberto ( Mariita ), Cotrim ( Antonieta ) e Nelson ( Zelita ) . Compareciam também a esses encontros, uns primos mais velhos da família materna: Marieta, Dulce, Alice e o italiano Aníbal, casado com Marieta e que adorava contar ao Zé Luiz e a mim, em picantes detalhes, as suas aventuras amorosas na juventude. O Zé Luiz era o único primo que regulava comigo em idade e formávamos então uma dupla da "mais alta periculosidade", sempre aprontando com as nossas brincadeiras . O tio Alberto era um homem sizudo, de temperamento amável, incapaz de falar em voz alta, ao contrário da sua mulher e cunhadas que, quando se encontravam, soltavam as vozes em algazarra e risadas que talvez só elas conseguissem entender. Alegria sim, mas com a porção italiana do sangue que lhes corria nas veias, quando o assunto envolvia determinados familiares, alguns ligeiros arrufos surgiam, logo contornados pela apaziguadora intervenção dos maridos . Do tio Nelson, com quem convivi muito proximamente durante a vida adulta, eis que a tia Zelita e ele vieram morar no Rio, me lembro que ele e o meu pai gostavam muito de turfe e, nas nossas temporadas paulistanas, iam juntos às carreiras em Cidade Jardim. Diferente do Rio, criança não podia entrar no Jockey em São Paulo, salvo engano, por determinação de Jânio Quadros. Sei que à noite, especialmente quando ambos saíam com algum lucro nas apostas, íamos comemorar na pizzaria Ue Paisano, no Paraíso, bairro onde moravam os tios. Diz o meu primo Zé Luiz que eu e o meu irmão ficávamos dando pulos para "acomodar" os fartos pedaços de pizza já consumidos, de forma a conseguir espaço para mais alguns. Por incrível que pareça, não existiam, ou se existia alguma não a frequentávamos, pizzarias no Rio de Janeiro de então. Os dias passados em São Paulo tinham, também por essa razão, um sabor especial.

Desse bom tempo , me obrigo a uma homenagem especial ao tio Cotrim, seguramente uma das pessoas mais doces, amáveis, alegres e carinhosas que conheci na vida. Esse meu tio era tão boa gente, que despendia boa parte de seu tempo criando as melhores opções para nos agradar, aí incluindo voltas no seu reluzente Chevrolet 51 pela pista do autódromo de Interlagos que, creio, devia ser de alguma forma franqueada ao público.

As recordações desse tempo surgem para mim abundantes : a missa de domingo à noite na Igreja Santa Generosa, os sorvetes da Alaska , casa que continua em plena atividade até hoje, os lindos palacetes da Avenida Paulista, então intocáveis, o Parque do Ibirapuera, inaugurado para as festividades do quarto centenário da cidade.

Lembro também de acompanhar o meu tio Cotrim em viagens feitas quase diariamente à Refinaria de Cubatão, quando ele me dizia para ficar controlando no relógio o tempo gasto para descer a serra, com exclamações de entusiasmo à cada "recorde" batido. É lógico que ele não cometia nenhuma grande imprudência ao volante mas, no meu imaginário, via o tio Cotrim como um segundo Chico Landi.

Não posso esquecer também que tendo os tios Alberto e Cotrim apartamentos de veraneio em Santos, num grande condomínio chamado Jardim do Atlântico, uma esticada por lá após as festas de fim de ano, eram frequentes. Eu adorava o mar de Santos pois, no Rio, morava em Copacabana, mar agitado, com correntezas, ondas fortes, enfim, muito perigosa. Já em Santos, eu me esbaldava em suas águas tranquilas, podia até ficar boiando, sossegado, curtindo o sol e um mar onde não se encontravam mais que pequenas marolas. Aliás, nesse particular, até hoje adoro "banho de mar" e detesto a areia grudando na pele.

Sendo o apartamento dos tios Mariita e Alberto mais amplo, era lá que nos hospedávamos. A tia Mariita carregava a fama de ser brava. Mas dela jamais ouvi qualquer palavra que não fosse de atenção e carinho. A única coisa que lhe aborrecia era uma rede que havia perto da janela da sua sala de estar e que íamos embalando cada vez com mais força, desconsiderando estar o apartamento no décimo primeiro andar. "Vazar" pela janela, então, traria consequências nada agradáveis. Mesmo assim, eu não levava a bronca merecida, apenas reiterados avisos de "cuidado", dela e da Olinda, sua auxiliar e amiga fiel. Quando abusávamos demais da paciência da tia, ela vinha com a mesma sugestão :" por que vocês não vão dar um passeio no aquário municipal ? " só que, àquela altura, já conhecíamos cada peixe pelo nome e apelido... O tio Alberto apreciava fazer longas caminhadas pela praia de areia dura . Por vezes, me esforçava em lhe fazer companhia nessas jornadas mas o que queria mesmo era ficar dentro d´água por horas a fio.

As minhas lembranças de meninice em São Paulo foram sempre as melhores possíveis, a elas não podendo deixar de acrescentar umas maravilhosas lazanhas da tia Stela, generosamente servidas na casa do tio Pedro, seu marido e irmão mais moço da minha mãe. Muitas vezes esses almoços eram seguidos por incursões ao Estádio do Pacaembu.

Fato é que, com tão gratas recordações, não pude deixar de ver um lado muito agradável ao receber um convite para trabalhar em São Paulo, mesmo trazendo grande saudade do Rio, dos parentes e dos amigos. Em São Paulo poderia ver resgatada a convivência permanente com os tios e primos de quem tanto gostava, só que, então, já numa outra fase da vida, carregando comigo algumas sentidas perdas em nosso ambiente familiar.

QUINTA, 26/02/09

- Embora "elitista" na área do futebol, eis que sou tricolor (carioca) de coração, no ambiente carnavalesco formo com a patuléia e não abro, engajado que sou na torcida pela Estação Primeira da Mangueira. Assim, vejo passar mais um carnaval sem título, paciência. Mas não posso deixar de enaltecer o grande desfile do Salgueiro, saudado pelo público presente ao sambódromo, em meio à sua passagem com o tradicional coro : " é campeão ... ". Já em São Paulo, cujo desfile se supera a cada ano,embora ainda distante do que rola no Rio, tivemos consagrada a Mocidade Alegre com toda a justiça. Interessante é que ambas as escolas campeãs têm mulheres na sua presidência : Solange Cruz na Mocidade e Regina Duran no Salgueiro. Pois é, talvez a saída para o planeta seja vir a ser governado por mulheres ( por favor, por aqui nem pensar naquelas que já se apresentam como candidatas ) ;

- A decisão do Presidente Lula em adiar a reunião do Conselho Deliberativo do Fundo de Pensão dos Funcionários de Furnas que pretendia, por ordem do reputado ministro Edison Lobão, substituir o Presidente e o Diretor Financeiro da entidade por elementos de sua inteira confiança ( ah, meu Deus do céu !!! ) dá aos funcionários da estatal a esperança de que a sua aposentadoria não venha cair nas castas mãos desses políticos peemedebistas, tão interessados em gerir os R$ 6,5 bilhões da sua carteira de investimentos. . Edison Lobão ( PMDB-MA ), para quem não se lembra, foi membro destacado da tropa de choque de Collor e é afilhado político de quem, de quem ? dele mesmo, do estadista, literato e atual Presidente do Senado, o maranhense José Sarney ( PMDB-AP ) . Ah, antes que me esqueça, Edison Lobão, ao deixar o senado, largou ocupando a sua cadeira o filho, devidamente criado à imagem e semelhança do pai . Como é possível o Brasil resistir à ação de tantos patriotas ? ;

- Como não torço por testemunhar a "Queda do Império Americano" e gostaria, isto sim, de ver importantes correções de rumo no dito "sistema" serem postas em prática, me agradou o entusiasmo do presidente do Fed, o Banco Central americano, declarando ver como possível o início do fim da recessão ainda em 2009, sendo restaurada alguma estabilidade na área financeira. Nesse caso, prevê Ben Bernancke, 2010 será um ano marcado pela recuperação da economia. Acredito que se engana quem pensa possível ser algo bom para a humanidade a instalação de um processo de decadência dos Estados Unidos. O grande país deve é mudar o muito que tem de errado e servir de modelo no muito que tem de bom. Quem sabe o meu mais novo "personagem Disney", o Presidente Obama, não dá partida ao processo ? .



- Elle pagou, agora quer levar. O ex-presidente desta República Fernando Collor de Mello ( PTB - AL ) , aquele mesmo do atestado de bons antecedentes expedido pelo STF , trocou o seu voto em Sarney ( PMDB - AP ) pela promessa de presidir uma das 11 comissões técnicas do Senado. Agora, com toda a razão proporcionada pela ética que disciplina a nossa prática política, cobra essa conta junto a Renam Calheiros ( PMDB - AL ) , coordenador da campanha sarneyzista e ao próprio presidente do Senado. Sarney anda de cobertor curto pois, para atender ao que ficou acertado com Collor no fio do bigode, vai ter que dar um chapéu no PT, sacando a senadora Ideli Salvatti ( PT - SC ) da presidência da ambicionada Comissão da Infraestrutura. Em meio à dificuldade, resolveram indicar o conhecido "líder de aluguel", Romero Jucá ( PMDB - RR ) , gente finíssima, para desatar esse nó, provavelmente escalando como vítima o ex-presidente da Casa, Garibaldi Alves ( PMDB - RN ), que desistiu da própria candidatura para apoiar Sarney recebendo, em reconhecimento ao seu elevado altruísmo, a presidência da Comissão de Assuntos Econômicos. Como se vê, tudo alta política ou, como eles gostam de afirmar, decisões republicanas. Por curiosidade, indago : qual o pior, PMDB ou PTB ? sei que mais perigoso é o PMDB . Em matéria de dignidade, no entanto, é jogo para ser decidido nos pênaltis ! ;

- Michel Temer ( PMDB - SP ), ao contrário do que afirmava, vai acumular a presidência da câmara e a do partido, durante todo o processo da sucessão de Lula, como forma de apaziguar brigas internas no PMDB. E pensar que esse grande brasileiro foi eleito raspando o fundo do tacho das urnas. Que barbaridade ! ;

- Depois de jogar para a arquibancada, Lula recebeu dirigentes da Embraer e recuou na intenção de pedir revisão das 4,2 mil demissões efetuadas pela empresa. Agora vem a piada de humor negro : segundo o ministro Miguel Jorge, o presidente continua "inconformado", mas entendeu as alegações da diretoria da Embraer. Ah, então está bom ;

- Essa conversa de produzir 1 milhão de casas até 2010 é pura fantasia. Mesmo que houvesse recursos para tanto é impossível, num estalar de dedos, serem criadas as condições necessárias para um programa desse porte em tão pouco tempo. O perigo é sair por aí contratando construções a esmo, correndo o sério risco de o dinheiro do FGTS desaparecer no meio do caminho e não haver compradores no mercado em condições de absorver esse volume de novas unidades habitacionais.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

AVISO:

VOLTAREMOS COM O "PENSANDO E REPASSANDO", NA PRÓXIMA QUINTA-FEIRA, DIA 26 DE FEVEREIRO .

FECHANDO A SÉRIE "ÍDOLOS DE INFÂNCIA"

Contei ontem a minha relação de afetividade com o goleiro do Fluminense, Castilho, meu maior ídolo de infância, sem dúvida. Mas cometeria uma grande injustiça se negasse homenagem ao melhor jóquei brasileiro de todos os tempos, Luiz Rigoni, a quem meu pai, turfista apaixonado, dedicava grande admiração e, ao contrário do acontecido no futebol, transmitiu a mim e ao meu irmão todo o sentimento que tinha pelo grande piloto paranaense.

Quem vai ao Hipódromo da Gávea hoje ou, muito pior ainda, à Cidade Jardim e os vê às moscas, frequentado apenas por pequenos grupos de velhos turfistas, não faz idéia do que já representou este esporte para o nosso país, em especial para o Rio de Janeiro e
São Paulo.

No Rio, onde eu morava, o turfe dispunha, na década de 50, de páginas inteiras nos cadernos de esporte de todos os jornais, as corridas de cavalo eram transmitidas pela televisão e por algumas rádios, os programas especializados eram diários, enfim, depois do futebol, em matéria de popularidade, vinha o turfe sem dúvida.

As corridas, em dias normais, já eram extremamente concorridas. As três grandes tribunas existentes no Hipódromo da Gávea ficavam cheias a ponto de haver sempre público de pé assistindo aos páreos nas escadarias de acesso.

Para a criançada, ir ao Jockey era uma festa. Ficavamos grudados na cerca quando os páreos eram corridos na grama pois, no cânter, os animais eram conduzidos pelos seus jóqueis, junto à grade onde estávamos para, a certa altura, virarem no sentido contrário e iniciar o galope de apresentação. Talvez motivados pelos filmes de faroeste, em grande moda então, a meninada era totalmente vidrada em cavalos. Ver os animais "puro-sangue" bem de pertinho era fascinante.
Além disso, na Gávea , você podia atravessar um túnel que passava por baixo das pistas e ir assistir de perto à movimentação de todas as largadas, com os animais sendo colocados não em boxes, como hoje, e sim atrás de umas faixas chamadas de cintas que eram acionadas pelo starter ( uma espécie de juiz de partida ), deixando a pista livre para os animais.

A molecada gostava também de ficar no paddock, local onde os animais passeavam até os seus jóqueis receberem ordem para montar e para onde voltavam, ao final dos páreos, quando eram feitas as verificações regulamentares.

Para o programa ficar completo, havia sempre uma grande quantidade de crianças inventando inúmeras brincadeiras (na época, eu tinha amigos vizinhos, amigos do colégio e amigos do jockey) para não falar dos sorvetes da Kibom, cachorro-quente e pipoca.

Bem, mostrado o cenário festivo do turfe de então, vamos ao ídolo : LUIZ RIGONI, o maior jóquei brasileiro de todos os tempos, pelo menos no imaginário dos turfistas que o viram pilotar, eis que temos hoje atuando em Buenos Aires ( lá o turfe não acabou ) o nosso Jorge Ricardo, recordista mundial de vitórias.

E, de Rigoni, a primeira lembrança que guardo, é a do Grande Prêmio Brasil de 1954, quando eu tinha oito anos e o vi ganhar o páreo, montando o argentino El Aragonês, numa eletrizante atropelada em cima da égua Joiosa. A comoção do público foi de tal forma contagiante que, a partir daquele momento, não resisti e passei a me engajar no coro, a cada páreo em que o Rigoni iniciava a sua atropelada : Dá-lhe Rigoni !

Mesmo sem jogar um tostão, é óbvio, torcia pelo Rigoni de forma parecida como torcia pelo goleiro Castilho. Vibrava quando o via campeão das estatísticas, sofria ao vê-lo cair do dorso de um animal, acompanhava interessado a sua lenta recuperação de uma queda que o deixou 8 meses hospitalizado.

Só que, do saudoso Rigoni, não guardo comigo a tristeza de com ele nunca haver conversado. Tenho até uma Revista de Turfe autografada pelo Homem do Violino e não esqueço de uma tarde, pouco tempo antes do falecimento do mestre, quando a amiga Beth Salles touxe o sempre risonho e simpático Luiz Rigoni para bater um longo papo comigo, em seu camarote nas sociais de Cidade Jardim . Naquele dia, pude enfim perceber que os nossos ídolos de infância, mais que personagens, são feitos de carne e osso como a gente.

SEXTA, 20/02/09

- A Argentina deu 10 dias para o bispo inglês Richard Williamson, o tal que negou a existência do holocausto, se mandar do país.
Quem sabe agora num gesto de coerência, o ministro Tarso Genro mantendo o, segundo ele, histórico costume brasileiro de dar abrigo aos que se encontram perseguidos, não oferecerá ao religioso a possibilidade de vir morar por aqui, na condição de asilado político ? somos ou não somos um país laico ? ;

- O Brasil vai produzir cristal de insulina . Segundo noticiário do Estadão, a iniciativa, além de permitir que o medicamento chegue ao paciente de diabetes com o preço mais baixo, irá reduzir a dependência brasileira de tecnolgia, informa o Ministro da Saúde, José Gomes Tinhorão ;

- O Governador de Minas Gerais, Aécio Neves, a bem da verdade, possui credenciais políticas que o habilitam a disputar com o seu colega paulista, José Serra, a indicação do PSDB como candidato do partido ao próximo pleito presidencial. As pesquisas que hoje apontam Serra como favorito com larga margem de distância sobre Dilma Rousseff, candidata do Lula, não quer dizer muita coisa, quando se está ainda longe das eleições e há muitas águas para rolarem por debaixo da ponte até lá . Mas o importante é que ambos procurem manter a disputa em nível mais elevado que aquele visto recentemente na indicação do candidato democrata nas eleições norte-americanas. Caso resolvam partir para o vale-tudo, os "companheiros" agradecerão penhorados ;

- Manchete do caderno de economia do Estadão : " Vale fecha 2008 com lucro recorde de R$ 21,3 bilhões " . Manchete do caderno dinheiro da Folha de São Paulo : " Lucro da Vale tem queda de 16% no quarto trimestre " . Entre a boa e a má notícia, quem está com a razão ? ambos os jornais estão corretos. Na verdade, depois de passar boa parte do ano tendo ganhos estratosféricos, a
mineradora, no último trimestre do ano, face à crise mundial da economia, teve os seus ganhos reduzidos para nada modestos 10 bilhões e trezentos milhões de reais .


- Há poucos momentos, assisti na TV Senado ( pois é, eu confesso assistir à TV Senado ) a um, como de hábito, inflamado discurso
do Senador Pedro Simon ( PMDB - RGS ) e me considero absolutamente convencido de que o parlamentar gaúcho é um autêntico mestre na arte de embaralhar as cartas. Respeitado pela sua inegável honorabilidade pessoal, ainda mais que na Casa não são muitos os que podem ostentar esta bandeira, o homem faz discursos imensos sem que nunca o colega que preside a sessão ouse interrompê-lo e sai atirando e jogando flores em tudo e em todos, tornando em uma espécie de vitamina os cérebros que o tentam entender. Engraçado foi que, em meio à sua oração, Pedro Simon anunciou que irá fazer o famoso Caminho de Santiago de Compostela e intimou o seu colega Mão Santa (ex- Governador cassado do Piauí ) a acompanhá-lo na empreitada. Bem, com as atuais "dimensões" do Mão Santa, ou a peregrinação vai ser feita em no mínimo uns dois anos, ou o milagre vai ter que ser muito grande para que não haja morte numa subida do caminho ;

- Não estou colocando muita esperança na possibilidade de paz na região, com esse Binyamin Netanyahu ( Bibi ) como futuro chefe de governo, por conta do apoio a ele conferido pelo partido Israel Beiteinu, ultradireitista, reiteradamente contra o Estado Palestino e a devolução dos territórios ocupados por Israel ;

- Mas esse tal de Sarney ( PMDB - AP ), se valesse 5% do que pensa valer, seria o maior político da história "deste país" . Lembrado pela revista The Economist, em artigo titulado "Onde os dinossauros ainda vagam" disse, após se comparar com Churchill, que ainda está longe de se aposentar. O Brasil precisa dele. Outro dia eu li que, após esses dois anos na presidência do Senado, sua próxima meta será ser eleito Presidente da Academia Brasileira de Letras . Nós merecemos ... ;

- As entrevistas dos técnicos de futebol após os jogos estão indo de mal a pior. O Mano Menezes mais parece um ( péssimo ) comentarista de arbitragens. Para ele todos os juízes se dedicam a roubar o Corintians. O Leão, que ainda bem foi encher a paciência dos mineiros, é da mesma escola. Não fossem as arbitragens e os times dirigidos por ele seriam eternamente invictos. O Muricy Ramalho já cansou com essa lenga-lenga de destilar seu ódio à imprensa. O Luxemburgo, como diria a minha santa avó, é pernóstico como ele só, devia cavar uma vaga de acadêmico na mesma Casa que vai entronizar José Sarney ;

- Crises não devem ser combatidas com ameaças. Desde quando a "marola" chegou por aqui em novembro último, 800 mil empregos formais já foram para a glória. E, se no mundo formal está acontecendo isto, na informalidade a coisa não anda melhor. Mas não adiantam as ameaças governamentais. A história recente nos ensina que neste mundo infame do capitalismo em que vivemos ( e, não sendo capitalismo, poderá surgir algo pior ainda ), não resolve querer jogar contra o tal de mercado. O objetivo é um só : lucro e estamos conversados. Quem pensar diferente está fora do jogo. Empresário não contrata por ser bonzinho, nem demite por ser mauzinho. Fora isso é pura balela.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

O FUTEBOL, CASTILHO E EU.



Sou do tempo em que se você tivesse, digamos, 40 colegas na sala de aula, sendo uns 25 garotos e 15 meninas, dos homens só uns dois ou três não gostavam de futebol. Dos demais, se sabia direitinho para que time torciam e as segundas-feiras eram consagradas às gozações sobre os "derrotados" da véspera.

O meu pai adorava futebol, era botafoguense fanático e, nessa questão, praticava o que se poderia denominar de "democracia relativa" : eu e o meu irmão teríamos liberdade para escolher os clubes dos quais nos tornaríamos torcedores . Só que, com uma ressalva: " menos Flamengo ! ". Meu irmão se transformou num vascaíno doente, talvez porque, diferente de mim, pegou o fim da década de 40, quando o Vasco tinha um timaço sendo base da seleção brasileira na época.

Já eu, com uma tendência nada prática de "torcer pelos mais fracos", fui levado ao Maracanã pelo velho, para assistir a um Fla X Flu . O tricolor, então, era chamado de timinho. O Zezé Moreira, seu técnico, não contando com grandes estrelas no elenco, mandava o time jogar fechadinho na defesa, com O Castilho ( e, na sua falta, as traves ) segurando o zero no seu placar e, quanto ao resto, fosse lá o que Deus quisesse.

Com essa tática, os jogos do Fluminense eram 0 X 0, 1 X 0, 1 X 1 ou 0 X 1. E o herói tricolor era sempre o Castilho e suas fiéis traves. Como se eu fosse jogar futebol, queria ser goleiro ( minha carreira se encerrou lá pelos cinco anos quando meu irmão bateu um penalti no estilo Quarentinha, e o courinho número 5 foi direto no meu queixo, provocando um nocaute, do qual nunca me recuperei ), comecei a torcer, primeiro pelo Castilho e, por via de consequência, pelo Fluminense.

O lazer da família, então, dividia-se entre o Maracanã, o Jockey Club, uma ou outra visita ao Parque Shangai ( ou Xangai ? ) e algumas refeições em restaurantes da cidade.

Mas o então novíssimo e ainda inacabado Maracanã tinha a nossa presença constante e no seu gramado vi jogarem grandes goleiros, mas nenhum melhor que Castilho, nem o Manga que tinha a seu lado um verdadeiro serpentuário, só com cobras do quilate de Garrincha e de Nílton Santos. Chega não é ?

Castilho esteve em quatro copas do mundo. Foi reserva de Barbosa em 50, titular em 54 ( quando fomos eliminados pelo famoso "scratch húngaro de Armando Nogueira" , com a nossa seleção levando um baile e o Castilho fazendo misérias para tomar só 4 gols ) e reserva de Gilmar em 58 e 62. Como em futebol a derrota nunca é perdoada, o Castilho pegou a injusta fama de ser um ótimo goleiro de clube, mas ruim de seleção . Na final do campeonato carioca de 1956, o Fluminense , com Castilho e tudo, perdeu de 6 X 2 para um irresistível Botafogo, com Garrincha chegando à linha de fundo e cruzando para a área, onde o "matador" Paulo Valentim só tinha o trabalho de empurrar a bola para o barbante. Naquela tarde, eu então com 10 anos, chorei muito. Por causa do Fluminense ? não, com pena do Castilho.



Já no final da década de 70, indo a Campo Grande ( MS ) a trabalho, vou tomar café da manhã no hotel, cujo restaurante estava vazio por ser ainda muito cedo. Olho para uma outra mesa ocupada e quem estava ali, só como eu, tomando café ? meu grande ídolo Carlos José de Castilho ! O meu coração acelerou, fiquei na dúvida se me dirigia a ele ou, se assim o fazendo, estaria invadindo a sua privacidade. Acabei não indo e até hoje me arrependo.

Em 1987, sou surpreendido por uma triste notícia , numa edição extraordinária de um Jornal da TV : vítima de um terrível processo depressivo, Castilho havia cometido o suicídio.

E eu chorei como se tivesse perdendo ali uma pessoa muito íntima, muito querida, meu maior ídolo de infância ...

QUINTA, 19/02/09

- A Câmara Federal recua e vai tornar público o CNPJ das empresas fornecedoras de notas fiscais aos nossos honrados parlamentares. Mas nada será revelado em relação ao passado ( 8 anos de notas ) . Depois ainda há quem se queixe de denúncias da imprensa ;

- O deputado Edmar "Castelo" Moreira ( DEM-MG ) está com jeito de virar boi de piranha, isto é, vai ser sangrado e oferecido à voracidade das piranhas para o resto da boiada atravessar o rio sem ser atacado. Mas, sempre há o perigo de o cara se revoltar e resolver não cair sozinho. Aí, sai da frente que pode sobrar pra tudo o que é lado. Seria ótimo, aliás ;

- A Dona Dilma sobe nos palanque com o Lula, inaugura obras, faz discursos, badala de norte a sul para se tornar mais conhecida e fica ofendida quando o DEM e o PSDB a acusam de fazer campanha antecipada. Ora, faz favor, isso é de uma cara dura que extrapola qualquer limite do razoável. Só há uma coisa, a bem da verdade : estivessem o DEM e o PSDB no lugar do PT e eles fariam igualzinho. Por falar nisso, já repararam como, quando no Executivo, o PT e o PSDB estão a cada dia mais parecidos ? ;

- Dinheiro de pinga . Pô ! o governo federal gasta a micharia de R$ 1,85 milhões ( ainda vêm muito mais gastos por aí ) com o tal Encontro Nacional com os Novos e Novas Prefeitas e a oposição fica criando caso ? ora, alguma coisa tinha que ser feita para apresentar a companheira Dilma ao pessoal que está chegando ;

- País das piadas, ou rir é o melhor remédio : O Governador da Paraíba, José Maranhão, empossado ontem, da mesma forma que o anterior, Cunha Lima, corre o risco de também ser cassado e pelo mesmo motivo : compra de votos ! Rimos, ou choramos ?



- Fim da novela : a brasileira confessa a farsa. E o objetivo não poderia ser outro : tentar levantar uma boa grana do governo suíço, como indenização pelos sofrimentos que a ela teriam sido inpingidos por neonazistas. Um vexame completo ;

- Enquanto meninas são atiradas a cárceres privativos de marmanjos-bandidos, por absoluta falta de recursos para a construção de instalações adequadas, sobra dinheiro ao Governo Popular do Pará para publicar uma página inteira e colorida, no caderno principal do Estadão, defendendo que Belém seja uma das sub-sedes da copa do mundo de 2014. Absurdo ! ;

- Carga de impostos aumenta em 2008 e alcança 36,54% do PIB . Como a relação impostos X PIB se estreita a cada ano, a curiosidade é saber até quando essa tendência se manterá ;

- O suplente do Senador José Maranhão ( PMDB ), hoje Governador da Paraíba, é o empresário local Roberto Cavalcanti. Sobre ele, naturalmente, recaem duas ações penais, pelo menos, informa a Folha de São Paulo. O Senador Roberto Cavalcanti será o décimo quinto suplente a assumir a titularidade na Casa, ou seja, 20% dos nossos senadores estão lá sem que houvessem para tanto, sido ungidos com um único e miserável voto ! ;

- A esta altura da vida, nada mais me surpreende. Por isso venho notando que se está criando " um clima " entre o Obama e, sabem quem ? ele mesmo : Chávez ! por enquanto, eles estão só " ficando " mas tá com jeito de que a coisa pode evoluir para namoro. "Mundo, mundo, vasto mundo. Se eu me chamasse Raimundo, seria uma rima, não uma solução... ". Muitas saudades de Drumond.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

AS ÁGUAS VÃO ROLAR...



Sofro de "baianês incurável". É um virus que se instala no organismo dos que tiveram o privilégio de vir à vida em terras baianas e do qual é impossível se livrar, nem o quero.

E, falar em Bahia, é falar em carnaval. Para mim, não bem esse carnaval de hoje, transmitido ao vivo pele rede Bandeirantes de TV. Sou mais entrar novamente no relógio do tempo e voltar à década de 50, onde cheguei aos 4 anos.

Nesta narrativa, puxada pela memória que já não é grande coisa, vou contar o que vi no carnaval de Salvador da minha meninice.

Bem, naquela época existia o chamado"tríduo momesco", ou seja, o carnaval, pelo menos em termos oficiais, durava apenas três dias e, mesmo assim, o feriado era na terça-feira para desespero do meu querido e saudoso tio Fernando que, havendo ficado viúvo com uns trinta anos, se tornou com toda a razão um grande boêmio, querido em todas as boas casas do ramo "música e mulheres" de Salvador, fã ardoroso que era de Nelson Gonçalves e suas canções sofridas.

Acreditem se quiserem, naqueles tempos, as famílias colocavam cadeiras amarradas umas às outras com arame, na calçada da Avenida Sete, nelas colando com papel o nome de seus proprietários. Por ali desfilava o carnaval baiano, os blocos, os afoxés, as grandes sociedades com seus bonitos carros alegóricos ( Cruz Vermelha, Inocentes em Progresso, Fantoches da Euterpe ) e a torcida por eles era algo semelhante à torcida pelos clubes de futebol, só que, como tudo então, sem qualquer tipo de violência. Para que se tenha uma idéia, na quarta-feira de cinzas, início da quaresma, quando fixávamos uma cruz feita com carvão na testa, as empregadas retiravam as cadeiras, absolutamente intactas, salvo se sofressem alguns danos face a uma eventual chuvarada de verão.

Surgiu por aí o "trio elétrico" que a história nos conta haver começado com uma dupla, Dodô e Osmar, montados num Ford 29 equipado com uns auto-falantes "meia-boca"e logo evoluiu para o grande Trio Elétrico Tapajós, esse um caminhão bem equipado, arrastando uma comportada multidão que o acompanhava dançando e cantando com alegria saudável.

Durante o carnaval, nos instalávamos na casa das bondosas tias do meu pai, Beata e Maria, que, junto com as suas fiéis auxiliares Joana e Helena, eram banqueteiras do tipo cinco estrelas. Elas moravam na rua do Rosário, juntinho à Avenida Sete, local estratégico para se assistir ao carnaval. E, a cada refeição das tias, adicionávamos mais uma gramas ao peso anterior. Muitas vezes, me lembro, estávamos jantando quando ouvíamos ao longe o som dos clarins tocados por cavaleiros montados em garbosos animais, abrindo o desfile de cada uma das "grandes sociedades". Corríamos para a avenida e as cadeiras da família estavam ali, esperando pelos seus donos sem que ninguém nelas ousasse sentar.

Havia, também, os bailes de carnaval e as suas matinês para a garotada. Baiano de Tênis, Associação Atlética e Yatch Club eram os grandes clubes da elite baiana. As músicas, só para citar algumas, eram Nêga Maluca, General da Banda, Abre-alas, Sassaricando, Lata D´Água, Tomara que Chova, Tem Nego Bebo, Piada de Salão e mais uma porção delas que eram lançadas todos os anos, a partir de janeiro, pelas rádios de então.

E o lança-perfume ? vendiam dois tipos ( embalagem de vidro e de metal ) e em alguns tamanhos. O odor de lança-perfume se misturava ao cheiro da fritura dos acarajés que matava a fome dos que não dispunham do privilégio de saborear os deliciosos acepipes das tias Beata e Maria.

Eu, de minha parte, prefiro curtir a lembrança desses velhos tempos e passo longe de Salvador nessa época de carnaval dos abadás, mortalhas, ou sei lá e do som insuportavelmente alto dos seus cantadores.

Por fim, uma homenagem ao Afoxé Filhos de Gandhy , formado só por homens, todos vestidos de branco, entoando seus cânticos exclusivos. Meu pai, carnavalesco-assistente, os adorava, certamente por ser um grande admirador do patrono do grupo.

Saravá Bahia, saravá Caymi seu grande cantador. Eu fico por aqui ou, ainda não sei, talvez resolva ir para Maracangalha, de chapéu de palha para convidar Anália ...

QUARTA, 18/02/09

- A declaração do vice-presidente da República ao deixar o Hospital Sírio-Libanês com alta, depois de ali permanecer internado por quase um mês, mostra que a fortuna e o poder não foram capazes de o alienar das dificuldades sofridas pelos brasileiros comuns : " Eu tenho tido privilégio. Eu, às vezes, fico meio com complexo de culpa porque sou vice-presidente da República e os brasileiros todos deveriam ter um tratamento como esse que eu tenho tido. A expectativa de vida no Brasil seria outra. Eu fico triste de não poder oferecer a todos os brasileiros isso que eu tenho recebido " . Um pouco diferente do Lula que afirmou, após fazer um check- up num hospital do governo, que a saúde pública do Brasil já seria " de primeiro mundo " ;

- 20% da área devastada da Amazônia tem floresta em fase de recuperação. Quem não se entusiasma com uma notícia dessa ? mas aí vem o complemento : "calcula-se, porém, que, em cinco anos, essas florestas secundárias serão derrubadas " . Como é que é ? bem, é o que diz estudo do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais que vem monitorando, desde 1988, os 700 mil quilômetros quadrados já desmatados da região ;

- TSE confirma a cassação do Governador da Paraíba, Ronaldo Cunha Lima (PSDB ). Muito bem, dura lex sed lex ( no cabelo só gumex ) . Na campanha, o governador teria feito uma farta distribuição de cheques, com fundos do erário, aos eleitores paraibanos. Até aí, tudo certo. Mas, segundo informam fontes locais, o atual senador José Maranhão ( de onde ? bingo para quem disse PMDB ) , que foi o segundo colocado nas eleições vencidas por Cunha Lima e que assumirá a governança do Estado, possui um currículo capaz de deixar o Paulo Maluf com complexo de inferioridade ;

- STF aperta o cerco nos mensaleiros. Os apostadores estão divididos. Com um certo favoritismo, estão aqueles que apostaram na PRESCRIÇÃO dos crimes, o que começará a ocorrer em 2011. O outro grupo forma ao lado do STF e de alguns ministros que não admitem ver a Casa desmoralizada pelos recursos e chicanas que a nossa Justiça oferece aos criminosos de colarinho branco que possuem dinheiro ( sujo ? ) suficiente para contratar os mais bem aquinhoados escritórios de advocacia do país.



- A cada dia se torna mais evidente a "armação" que foi o caso da brasileira Paula Oliveira. Para completar, só falta agora a nossa diplomacia ajudar a moça a dar no pé da Suíça. Aí, a nossa imagem perante o mundo ficará definitivamente uma beleza ;

- A "Nota Oficial" do PMDB sobre as acusações ao partido pelo Senador Jarbas Vasconcelos foi um autêntico vexame, se é que esta palavra ainda existe em nosso vocabulário. Em mal traçadas linhas, a Executiva do PMDB alega por preferir calar-se considerando as palavras de Jarbas Vasconcelos como um simples "desabafo" . Gostaria de saber o que o senador poderá dizer de forma a deixar ofendidos os seu pares. Assassinos ? pedófilos ? estupradores ? traficantes ? pergunto, pois " o resto " ele disse ;

- A Câmara estabeleceu o critério da "meio-virgem" nas notas de despesas parlamentares. A Mesa Diretora da Câmara pressionada por essa abominável imprensa que vive para encher a paciência dos que estão por cima da carne seca, resolveu exibir PARCIALMENTE as notas fiscais apresentadas pelos parlamentares, para ressarcimento de despesas com escritórios políticos em seus estados de origem. Mas não fornecerá o CNPJ das empresas fornecedoras das notas. Ah, já sei: dá uma satisfação à sociedade, contando o milagre mas sem dizer o nome do santo. Outra coisa, isso só vale daqui para a frente, o passado ( 8 anos ) está morto e sepultado ;

- A "dupla de ouro" , Sarney e Renan mostram que vão dar trabalho ao PT. O PTB ( de Gim Argello ) já tem candidato para enfentar a Idelli Salvatti ( PT-SC ) na disputa pela Comissão de Infraestrutura do Senado . Quem ? "elle" mesmo, Fernando Collor de Mello. A Idelli, que tentará a reeleição como senadora, levou um chapéu do PMDB por ter sido líder da campanha de Tião Vianna à presidência do Senado. Adoro assistir a esses quebra-paus !

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

AINDA REPERCUTINDO A ENTREVISTA DO SENADOR JARBAS VASCONCELOS

Pedro Simon e Jarbas Vasconcelos



Tenho um primo em Salvador, a quem quero bem como a um irmão. Esse primo tem duas características que se tornaram verdadeiros dogmas : na terra em que nasceu e vive muito bem até hoje, graças a Deus, é torcedor fanático do Bahia, desses de verter lágrimas de sofrimento a cada nova decepção com o que já foi um dia o "tricolor de aço" . Já na capital federal, o homem é torcedor, não menos fanático, do Lula. As más línguas soteropolitanas chegaram a ponto de garantir que esse primo desfilaria na famosa banda do Serjão, que todo ano abre o carnaval do bairro da Barra, fantasiado de LULETE, com direito à saiote e o diabo a quatro. Infelizmente, um início de processo de osteoporose não lhe permitiu o requebrar dos ossos e a minha prima Hêdy, sua mulher, escapou de ver o maridão pagar esse mico.

Mas ontem, fruto da entrevista do Jarbas Vasconcelos iniciamos, meu primo e eu, uma acalorada discussão que eu, pressentindo que a coisa poderia entrar em ebulição como o dendê na hora de fritar o acarajé, preferi dar uma desculpa e encerrar a ligação interurbana.

Hoje, retomado o espírito de conciliação que sempre prevalecerá em amizades que estão "acima do bem e do mal", volto ao tema e me desculpo, reconhecendo que disse bobagens, seja em relação ao Jarbas Vasconcelos, seja em relação ao Pedro Simon.

Quanto ao senador Pernambucano, mantenho o que disse em relação à sua idoneidade moral. Mas, meu primo tem razão: Jarbas sentindo-se uma espécie de estrela cadente em seu "sítio" de atuação política, viu na entrevista à Revista Veja, uma oportunidade única para voltar à ribalta. Mas, já no dia seguinte, diante de toda a imprensa do país, quando se esperava o aprofundamento das questões por ele superficialmente mencionadas, nada. O velho político se colocou a "andar de lado" e coisa nenhuma foi acrescentada às suas denúncias genéricas. Uma pena, mas você tem razão, caro Antônio. O que eu imaginei pudesse vir a ser pura dinamite, não passou de uma bicha de rodeio, como se chamavam na Bahia da minha infância aquelas biribas de São João.

Já Pedro Simon, esse, juro por Deus, não me pega mais. Foi a última vez. Pedro Simon parece um carangueijo : não se alimenta da lama, mas vive muito confortavelmente em seu meio. Em diversas ocasiões, assistindo aos discursos de Simon na tribuna do Senado, terminei não entendendo nada. Ele balança os braços, dá tapas na prancheta onde colocam os dicursos, tem esgares enigmáticos, adula e açoita, espanca e acaricia, faz parecer que está em pleno surto de histeria e, terminado o pronunciamento, ficamos encucados : espera aí, mas afinal ele é contra ou a favor ? e que tal Pedro Simon a justificar a safadeza no PMDB, na base do argumento do Justo Veríssimo : " Sou, mas quem não é ? "

Pois, então, retiro o que disse ontem. Que eles fiquem no PMDB, afinal, se gostam...

TERÇA, 17/02/09

- O Governo banirá 98 ONGs estrangeiras. De cento e setenta ONGs estrangeiras que atuavam no Brasil, apenas setenta e duas se cadastraram no Ministério da Justiça e poderão continuar no país. Espantoso que nenhuma ONG operando na região norte se apresentou para fins de cadastramento Estranho, não acham ? ;

- A empresa aérea Azul chegou mostrando que não está para brincadeiras. Pena que as suas rotas atuais sejam poucas e, de São Paulo, elas partem de Campinas. Mas as suas tarifas vão balançar o mercado da aviação comercial doméstica. Minha simpatia pela Azul é maior ainda pois ela tem a sua frota fabricada pela Embraer, ou seja, dá emprego a brasileiros;

- A oposição a Chávez comemora a derrota. O negócio é o seguinte : a diferença de votos entre governo e oposição, caiu de 3 milhões em 2006, para 1 milhão agora. A coisa fica meio na base de a torcida do Corintians ficar feliz pois perdia para o São Paulo de 4 X 1 e agora perde só de 4 X 3 . Mas, como a alma do ser humano tem a esperança por alimento, quem sabe em 2012 esse jogo não termina pelo menos empatado ? ;

- Dando o ponta-pé inicial na política Obama de distenção internacional, Hillary iniciou um périplo de aproximação maior com a Ásia, visitando o Japão, a Indonésia, a Coréia do Sul e a China. Devagar, como não querendo nada, logo-logo ela dá uma chegadinha na Coréia do Norte. Good luck, Mrs. Clinton, and don´t forget : peace, peace ! ;

- A chanceler Tzipi Livni, líder do Kadima, partido mais votado nas recentes eleições em Israel, declarou ontem "ser necessário abrir mão de metade da Terra de Israel", utilizando um termo bíblico que designa o atual território israelense, a Cisjordânia e a Faixa de Gaza. Já o líder do Likud, Binyamin Netanyahu que com o apoio de outros partidos de direita, detém 65 das 120 cadeiras do Parlamento tem um discuso totalmente contrário a Tzipi Livni, negando qualquer acordo que garanta soberania à Autoridade Palestina. Que ainda seja possível prevalecer o bom-senso e finalmente chegue paz à região;

- Uma equipe de cientistas-pesquisadores da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade do País Basco desenvolveu uma nanopartícula que diferencia as células cancerígenas das saudáveis e deposita medicamentos apenas no interior das que se encontram doentes. Mais uma arma e mais uma esperança no combate ao câncer. Viva ! ;

- A propósito de câncer, que determinação exemplar possui o Vice-Presidente José Alencar que recebeu alta hoje. Alencar é um bravo no enfrentamento dessa doença. A vontade de viver faz com que ele atravesse momentos tremendamente difíceis, com bom humor e otimismo. Que tenha boa sorte ! ;



- O nosso chanceler, Celso Amorim, afirma não haver motivo para pedir desculpas à Suiça : " a xenofobia é um fato " . Coisa feia, Mr. Amorim. Pedir desculpas, se desculpar por um erro, não é humilhação, pelo contrário, é altivez, é ser honrado. Errei ? peço desculpas pelo erro e, no caso da moça Paula Oliveira, era o que o Brasil deveria fazer ;

- Dez dos dezenove senadores do PMDB, incluindo o líder do governo e o do Partido, respondem a processos ou são investigados. O líder Romero Jucá venceu a luta contra o relógio : seus crimes prescreveram, ufa ! Mas, como disse Simon :"É assim no PMDB, não é diferente no PSDB, no PT, no DEM, no PDT, no PTB, no PCB, etc.,etc., etc.." Até no PSOL, pergunto eu ? ;

- Gim Argello, líder do seu partido, ( PTB - DF ) , afinal, cada partido tem o líder que merece, segundo o Estadão, depois de quase não ter conseguido tomar posse como suplente de Joaquim Roriz, acusado que era de grilagem de terras e corrupção ( ora, que bobagem.. ), hoje é uma estrela em ascensão, cada dia mais próximo de José Sarney, de Renan Calheiros e de quem, de quem ? do governo Luis Inácio Lula da Silva. Alguma surpresa ? nenhuma ! ;

- E, aproveitando o prestígio, o senador Argello acaba de indicar o seu assessor e tesoureiro regional do PTB, Ivo Borges, belíssimo currículo, naturalmente, para uma vaga na Agência Nacional de Transportes Terrestres. Transporte não vai faltar, isso é certo ;

- Aécio Neves ameaça "passar o país a limpo" . Faz isso não, Aécio. De tanto ser passado a limpo, o Brasil chegou onde se encontra agora, num monte de borrões.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

IMPERDÍVEL : PÁGINAS AMARELAS DA REVISTA VEJA ( SENADOR JARBAS VASCONCELLOS )

Tenho amigos caríssimos que, em nome da defesa da ética e dos bons costumes, proibem o ingresso da Revista Veja em suas casas. O meu irmão, por exemplo, refere-se a esse semanário, sempre no plural, como "aquele bando de canalhas" . Tudo bem, respeito esses pontos de vista e, até mesmo, não de forma integral, os compreendo e mesmo justifico.

Mas, até a esses ferozes inimigos da publicação, faço um apelo que resvala na linha do patético : leiam a entrevista do Senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) revelando a quem ainda não sabia ( se é possível existir alguém razoavelmente bem informado que já não soubesse ) o que são o PMDB e alguns dos seus principais atores.

Absolutamente livres de suspeitas e plenos de certezas, temos no senado, filiados ao PMDB, Jarbas Vasconcelos, representando o nordeste, e Pedro Simon, representando o sul. O único posicionamento deles que não há meio de conseguir entender é como convivem em meio à podridão de seus pares. A desculpa de não sair do PMDB por "não ter para onde ir e que é melhor ficar como dissidente, lutando por uma reforma política para fazer um partido novo", é algo que a mim não se apresenta como bastante. Enfim, vamos a alguns trechos da entrevista :
- Sobre a eleição de Sarney para a presidência do Senado : É um completo retrocesso. Sarney não tem o menor compromisso ético, nem nehuma preocupação com o Senado .
Sarney vai transformar o Senado em um grande Maranhão;
- Sobre Renan Calheiros : ele não tem nenhuma condição moral ou política para ser senador, quanto mais para liderar qualquer partido;
- Para que o PMDB quer cargos : para fazer negócios, ganhar comissões;
- Em relação ao Presidente Lula : quando o Lula foi eleito em 2002, vim a Brasília defender que o PMDB apoiasse o governo, mas sem cargos ou benesses. Com o desenrolar do primeiro mandato, diante dos sucessivos escândalos, percebi que o Lula não tinha nenhum compromisso com reformas ou com a ética. O grande mérito do Lula foi não ter mexido na economia. Mas foi só;
- Sobre a classe política : a classe política hoje é totalmente medíocre;
- Sobre o Bolsa Família : Há um benefício imediato e uma consequência futura nefasta. Em algumas regiões de Pernambuco, como a Zona da Mata e o agreste, já há uma grande carência de mão-de-obra. Famílias com dois ou três beneficiados pelo programa deixam o trabalho para viver do assistencialismo;
- A banalização dos escândalos : o escândalo chocava até cinco ou seis anos atrás. Ninguém pode dizer que a corrupção foi inventada por Lula ou pelo PT. Mas é fato que o comportamento do governo Lula contribui para essa banalização. O pensamento do servidor desonesto é : " se o PT, que é o PT, mete a mão, por que eu não vou roubar?";
- Candidatura Dilma Roussef : Ela é prepotente e autoritária. A eleição municipal mostrou que a transferência de votos não é automática. Mas é um erro da oposição subestimar a força de Lula e a capacidade de Dilma como candidata. O poder de um marqueteiro, da máquina do governo, da política assistencialista, da linguagem de palanque, tudo isso estará a favor de Dilma.

Bem, vale a pena ler a íntegra da entrevista do Jarbas Vasconcelos, pois ele faz uma resumida radiografia do que é a atual política brasileira. Pena que não tenha havido espaço suficiente para que fossem expostos com maiores detalhes os subterrâneos do PMDB e as vísceras dos seus atuais líderes.

Mas, do fundo do coração, faço um apelo a Jarbas Vasconcelos e, aproveitando a carona, ao Pedro Simon: Vocês têm uma biografia limpa, passaram incólumes a qualquer suspeita de malversação do erário quando governadores dos seus Estados. Então, não se exponham a passar perto de rodas peemedebistas que, enquanto tramam a próxima "jogada", vêem vocês se aproximando e disfarçam o teor a conversa, exclamando : " lá vêm aqueles babacas " . Deixem o PMDB para os ratos !


erramos : - com base na leitura dos jornais, atribuí a queda do avião Bandeirantes no Amazonas a um número excessivo de passageiros. Notícias posteriores, no entanto, dão conta de que, se havia passageiros a mais no aparelho, havia peso de menos no compartimento de bagagens, o que colocava o avião dentro dos limites admitidos pelo fabricante Embraer. A queda, como sempre ocorre em desastres aéreos, teria sido fruto de fatores combinados : a falha de uma turbina, as péssimas condições do tempo e um erro de pilotagem. Mas, para mim, fica uma dúvida : havia oito passageiros a mais que o número de assentos. Seriam todos eles crianças com até 2 anos, que a norma permite viajar no colo de adultos ? ;

- a nossa ( e do mundo ) indignação com o ataque sofrido pela moça brasileira na Suíça, vítima de neonazistas, partiu do que seria uma incrível farsa montada pela suposta vítima, cujos propósitos ainda não estão esclarecidos. Agora, eu ter sido precipitado, não é nada, quem sou eu ... . O grande mico, foi o presidente Lula, o chanceler Celso Amorim e o ministro da Secretaria Especial de Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, terem saído chutando o balde na Suiça e nos suíços, sem que o depoimento da brasileira Paula Oliveira tivesse sido devidamente checado pelas autoridades locais.

SEGUNDA, 16/02/09

- Você é neossexual ? não ? pois caso tenha as mulheres como sua preferência sexual, trate de sê-lo ! o neossexual, segundo pesquisa feita entre as mulheres, é o homem ideal : viril, com atitude, porém, sensível ... ;

- Já ouviram falar em ginástica para o cérebro ? pois o engenheiro aeronáutico Antonio Carlos Perpétuo, de São José dos Campos, desenvolveu um sistema que batizou como Método Supera, baseado nas quatro operações matemáticas, para exercitar o cérebro. Segundo informa o Diário de São Paulo, o projeto deu tão certo, que já conta com 22 escolas operando pelo Brasil. Bem que estou precisando me matricular numa delas. Só que passei a vida inteira odiando e tomando bomba em matemática. Será que existe salvação para o meu caso ? ;

- Chuveiro elétrico, o vilão. Agora que, no Brasil de Lula, o gás começou a dar as caras em todos os furos que fazemos no oceano,
surge uma boa perspectiva : se os chuveiros domésticos deixarem de ser elétricos e passar a ser utilizado o sistema a gás, a economia residencial de eletricidade será próxima a 25% . Pois que venha o gás, inclusive para não termos que continuar bajulando o Evo Morales ;

- Crescendo na crise : o tráfego aéreo doméstico cresceu 7,6 % em janeiro último. Será que podemos entender esse crescimento como sinalização de que as coisas estão melhorando um pouquinho ? ;




- Quando moço, tive um patrão que, ao me ver entusiasmado com as periódicas bombadas da bolsa de valores, me olhava com um ar de experiência de vida e malícia e dizia: "Não se entusiasme muito, que tudo o que sobe desce". E o tempo vem mostrando a mim o quanto ele estava certo. Em dias recentes, nenhuma cidade no mundo foi tão divulgada como um símbolo do moderno capitalismo, como a árabe Dubai. O lugar virou um novo point para todos os que já não tinham mais novidades para conhecer. Dubai para lá, Dubai para cá, construções exuberantes e não menos mirabolantes, pistas de esqui à disposição dos que apreciam neve, hotéis seis estrelas, shoppings que colocavam os americanos no bolso, carrões de todos os tipos e para todos os gostos. Logo que a crise explodiu, me veio à cabeça : e Dubai, atravessará incólume este tsumani, ou marola, como na ocasião, preferiam alguns ? a resposta foi dada em matéria de ontem no jornal O Estado De São Paulo : Crise afunda Dubai na decadência. Cidade símbolo do capitalismo árabe está à beira de tornar-se fantasma. Trabalhador demitido por lá torna-se ilegal e deve abandonar o país em 30 dias; dívidas não pagas podem acabar em prisão. Resultado : apartamentos são abandonados, pois seus preços caíram 30% em apenas dois meses, carros de luxo são largados no estacionamento do aeroporto por estrangeiros que trabalhavam em Dubai e caíram fora. É bom lembrar que Dubai, mesmo estando situada no Golfo Pérsico, mesmo sendo parte dos Emirados Árabes Unidos, tem a sua economia lastreada em finanças, imóveis e turismo, não em barris de petróleo. Fontes locais garantem que 1.500 vistos de trabalho de estrangeiros estão sendo cancelados todos os dias. Bem, esta é uma notícia triste. Nada como ver empregos, obras, crescimento de salários. Mas que o negócio em Dubai se exibia como um grande exagero, não há como negar ;

- O cientista político norte-americano, Roberto Kagan, ( que não se perca pelo nome ) adverte : " Não esperem grandes mudanças na política externa dos EUA. Com Obama haverá continuidade" . Bem, era só o que faltava eu cair em mais um Conto da Carochinha a esta altura da vida e descobrir que Barack Obama não passa de uma personagem Disney, como aquelas que eu já confessei neste blog tanto simpatizar ;

- Olha, até que eu resisti o quanto pude, mas a cada dia parece mais óbvio pelos seus atos que papa Bento XVI ditará no Vaticano uma política de retocesso na postura da igreja diante do mundo. Enquanto não se vê uma só inauguração de templo católico, as igrejas evangélicas são criadas em cada quarteirão dos bairros populares;

- Hugo Chávez vence consulta e poderá ser eleito indefinidamente Presidente da Venezuela. Alguém duvida que na esteira da Venezuela virão o Equador e a Bolívia ( rezemos para que fique por aí ) ? mas Chávez tranquilizou os seu opositores. Segundo a Folha de São Paulo, afirmou pretender continuar no poder só até 2049. Nós brasileiros, de certa forma, temos que colocar o rabinho entre as pernas, pois o "nosso" FHC abriu a temporada do "FICO" e pela via indireta do Congresso, sem que se fizesse maiores alardes sobre o assunto;

- Uma grande curiosidade : O ( Deus que nos perdoe ) Presidente do Senado, José Sarney, sempre liderou uma intransigente resistência na Casa ao ingresso da Venezuela no Mercosul. Será que, mais uma vez, não irá flexionar a sua postura ?

- O PIB japonês recuou 12,7% no quarto trimestre de 2008 em relação ao mesmo período de 2007 ! Olha, a coisa está mesmo preta por lá, isto com todo o respeito à Lei Afonso Arinos.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

EU ADORO ORLANDO E DAÍ ?


Há, em especial, dois tipos de gente que jamais gastariam seu tempo indo a Orlando : os que não têm filhos ou netos e os que odeiam usar tênis e buscar lá no fundinho o que lhes resta na alma de "porção-criança", para se integrar ao clima da cidade. Aos que torcem os narizes pelo fato de alguns artistas de televisão, tipo "populares", adorarem a região, eu não estou nem aí, afinal, se tenho algo em comum com essa turma, tanto melhor para mim. Fato é que,quando meus filhos eram ainda bem pequenos, a minha mulher e eu fizemos uma viagem à California.

Em Los Angeles, mesmo ouvindo protestos, insisti em gastar um dia da viagem visitando a Disneylândia. Ficamos encantados com o que vimos e me prometi que, quando o caçula fizesse cinco anos, levaria meus filhos à Disney World. Promessa feita, promessa cumprida. Jamais esquecerei a expressão de encantamento das crianças ao divisar da balsa a silhueta do Castelo da Cinderela, no Magic Kingdon. E nos esbaldamos todos, na maior farra, nós e as crianças interagindo num plano de total cumplicidade .

Lá voltamos quantas vezes nos foi possível, vendo nascer, um após outro, novos parques temáticos. Melhor ainda quando, por indicação de um amigo, passamos a alugar casa em um dos incontáveis condomínios existentes nos subúrbios da cidade. Ali, em nossas pequenas repúblicas, instalamos algumas regras até então desconhecidas pela família. Cada qual fazia a sua cama, não se podiam deixar os banheiros desarrumados, idem sala e cozinha, lavar os copos, colocar os pratos na máquina de lavar, separar a roupa usada para a mãe colocar na máquina de lavar, enfim, era estabelecido o american way of life, como parte do "pacote de viagem". Além do divertimento abundante, era mostrado a eles como as coisas funcionavam por lá : o trânsito civilizado, o cuidado com a limpeza pública, a impecável manutenção de vias, parques e jardins, a obediência às filas, a atenção para com os que tivessem dificuldades de locomoção, o absoluto respeito aos direitos do consumidor, a preocupação em colocar em embalagens próprias os diversos tipos de lixo, quando no Brasil ainda nem se ouvia falar em ecologia, muito menos doméstica.

Orlando é uma cidade inteiramente diferente de qualquer outra no mundo. Ela é totalmente voltada para a diversão sadia de crianças, de adultos e dos idosos com alma de crianças. Nos seus Parques Temáticos, não se encontram à venda bebidas alcoólicas e cigarros. O lema é deixar-se transportar para um mundo de fantasia. Assim, as pessoas que transitam em Orlando, em sua quase totalidade, estão felizes, com o espírito em festa, diferente de qualquer cidade do mundo, onde a população está vivendo o seu dia a dia de trabalho, os compromissos, as dificuldades, os dramas pessoais, etc. . É uma delícia você sentar num banco de um parque, invariavelmente locais limpos, com os jardins sempre floridos e pequenos animais silvestres, para ficar observando a agradável excitação com que todos saem de uma atração e se dirigem à outra, sem querer perder tempo. Adoro em especial as velhinhas, usando chapéus de Mickey ou do Pateta, completamente descompromissadas com o que se poderia considerar por nós, brasileiros, como ridículo. Acho encantador e estimulante observar o sorriso aberto de quem se desloca numa cadeira de rodas, totalmente esquecido naqueles momentos mágicos, que a vida lhe pregou uma baita peça.

A primeira vez que, por sugestão de um amigo, aluguei uma casa completamente montada e pronta para receber seus moradores transitórios, me preocupei no dia de ir embora sobre quanto tempo gastariam para checar a casa e todos os seus equipamentos, objetos de decoração e de uso diário. Atento com a hora do nosso vôo, nos dirigimos à admnistração com bastante antecedência. Lá chegando, chaves na mão, uma simpática funcionária nos indagou : " tiveram uma boa temporada ? tudo funcionou a contento ? pois espero tê-los novamente em breve por aqui " . Resultado, tomamos um chá de cadeira no Aeroporto e eu comentei com a minha mulher : "aqui, a gente é considerado honesto, até prova em contrário".

Por isso tudo adoro Orlando, especialmente por ali ter vivido momentos que considero entre os mais felizes e inesquecíveis da minha vida. Só não recomendo a viagem durante o verão local : férias escolares americanas, calor forte e filas grandes...

SEXTA, 13/02/09

- Esta é de caráter pessoal : acaba amanhã, sábado, o horário de verão. Acho que existe um equilibrio entre os que gostam e os que não gostam do horário de verão. Como me incluo no segundo grupo, fico feliz quando vejo terminar essa temporada ;

- As vendas no varejo sobem 1% nos EUA em janeiro, depois de seis meses em queda. A notícia tem relevância pois a expectativa dos economistas era de declínio de 0,8% . Mas ainda é muito pouco para se considerar que o " pior já passou " ;

- Informa o Estadão que a inadimplência não cresceu de forma expressiva no Brasil, diante da crise. Entre os paulistanos, o número de endividados caiu de 45% em janeiro para 38% em fevereiro, o menor dos últimos 5 anos ;

- O governo egípcio, que está intermediando a questão, anuncia estar próximo um acordo de cessar-fogo por 18 meses entre o grupo palestino Hamas e o governo israelense. É sempre um começo, mas parece caminhar no sentido do ex-premiê Binyamim Netanyahu, líder do partido direitista Likud , para chefe do novo governo, o que não anima muito um futuro promissor nas relações entre os palestinos e israelenses ;



- Longe de mim pretender confrontar o papa Bento XVI . Mas a sua decisão em levantar a excomunhão de um bispo que negou a existência do holocausto é de impossível entendimento. Ontem, felizmente, Bento XVI afirmou a líderes judeus que qualquer minimização do holocausto, especialmente vinda de um sacerdote, é inaceitável. Sendo assim, ou o tal bispo Richard Williamson se retrata do que disse em entrevista à TV sueca, ou excomunhão nele ;

- O PMDB, segundo o ministro Hélio Costa, diz esperar Aécio até setembro. Caso o governador de Minas e herdeiro político de Tancredo Neves aceite o convite para sair candidato em 2010 por este partido, que é um verdadeiro saco de gatos, no bom e no mau sentidos, tchauzinho a qualquer esperança que se possa ter nele um político confiável ( e haverá político confiável ? ) ;

- Chávez já comemora de véspera o que considera líquido e certo : a aprovação da emenda constitucional que lhe permitirá sucessivos mandatos. Essa perenização no poder não é boa, nem nos casos de síndicos de prédios, de presidentes de clubes de futebol, de altos executivos. Imaginem no comando de um país. Acabam virando monarcas e, depois de Chávez, virá o Chaveco ;

- Da ex-prefeita de São Paulo, Luíza Erundina, se diga o que for, menos que não é uma pessoa íntegra. Pois não é que uma condenação na Justiça, em função de uma propaganda feita quando ela era prefeita, lhe custou uma condenação pecuniária que a obriga, por não ter como pagá-la, a receber o seu salário na Câmara dos Deputados, na boca do caixa ? Enquanto isto ... ;

- São realizadas mais de 1 200 cirurgias plásticas por dia no Brasil. Tirando as crianças, os muito idosos e os que mal tem dinheiro para sobreviver, não está havendo um certo exagero nesse negócio ? já há um monte de mulheres por aí que não fecham os olhos, outras que parecem estar sorrindo o tempo todo, muitas com expressão de que acabaram de levar um susto, algumas com a cabeleira começando quase na nuca . A auto-estima, a correção estética de imperfeições, tudo bem. Mas, quando a coisa vira obsessão e não se aceita que o tempo passa e a velhice é inexorável, aí complica, pois acabamos por nos deparar com verdadeiras caricaturas que estariam exibindo um aspecto muito mais agradável, não fossem tantas as suas recauchutagens.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

XENOFOBIA, RACISMO E PERVERSÕES DA ESPÉCIE

Nesta semana tive a oportunidade de ler a coluna do Arnaldo Jabor no Estado de São Paulo, quando ele retratou a experiência que viveu no fim da década de 50, ocasião em que o seu pai, oficial da Aeronáutica, foi chefiar uma missão militar em St. Augustine, na Flórida, com o objetivo de adquirir aviões militares de treinamento.

Pois bem, estarreceu ao nosso Jabor, então com 15 anos, a forma como eram tratados os negros americanos, sempre achincalhados, humilhados, quando não agredidos pelos brancos colegas de escola de Jabor.

Por coincidência, mais ou menos nessa época, a família da minha mulher também residiu nos Estados Unidos, só que no norte do país, em Cleveland, Estado de Ohio. Certa ocasião a minha sogra foi chamada por uma vizinha, para uma "conversa séria" . O assunto ? esta mulher havia "flagrado" a minha mulher, então com 6 anos, brincando na rua com duas crianças negras. Ao explicar para a americana que eram brasileiros e que no Brasil as crianças brincavam entre si independente da sua cor, lhe foi dirigido um olhar de desprezo e, desse dia em diante, a até então solícita vizinha, ao cruzar com a mãe da minha mulher, lhe virava o rosto ostensivamente. Já o meu sogro me contou impressionado : "era mais que preconceito, era ódio e não de pele, sim de sangue . Quem tivesse todas as feições da raça branca, mas fosse filho de um mulato, por exemplo, era considerado negro e, portanto, discriminado".

A quem viveu este clima horroroso, como as famílias do Jabor e da minha mulher, assistir à posse de um Presidente dos Estados Unidos negro, carregando o nome Barack Hussein Obama, casado com uma mulher negra, tendo duas filhas negras, e levando para morar na White House a sogra também negra, proporciona um inexplicável sentimento de conforto, do tipo que sentíamos quando crianças nos filmes em que, depois de muito sofrimento, o bem acabava por prevalecer sobre o mal.

É isto aí, Obama, coloque um monte de pretinhos e pretinhas na Casa Branca, faça força pela paz, arrume outro negócio para ocupar a indústria bélica (quem sabe fabricar tratores e quipamentos agrícolas para acabar com a fome no mundo subdesenvolvido?).

Cuidado com malucos-assassinos que vivem aos montes por aí e veja se consegue pôr na cadeia, pelo menos para dar um bom exemplo, alguns desses banqueiros e financistas que, com a sua inesgotável sede de dinheiro, puseram os Estados Unidos e o mundo de pernas para o ar.

Mas, se na América do Norte houve um indiscutível progresso na questão do racismo, é simplesmente inacreditável o que vem ocorrendo na Europa, em relação à xenofobia. Grupos neonazistas estão proliferando como uma praga e agora, naquele que se orgulha de ser chamado de "o país mais civilizado do mundo" ( e, por que não dizer, maior refúgio de dinheiro sujo do planeta ), a Suíça, uma moça brasileira foi atacada e selvagemente torturada por neonazistas, lhe acarretando a perda de filhas gêmeas e um terrível trauma para o resto da sua existência. E sabem o que despertou nesses fascínoras a decisão de torturá-la ? ela falava português num telefone público ! Pior, ao que noticia a imprensa, a polícia suíça está cuidando do caso com enfado e, mesmo, indiferença !

QUINTA, 12/02/09

- Atenção pessoal das pesquisas de aprovação ao Lula: está aí uma grande oportunidade de tirar uma foto entre o grande líder e a ministra Dilma Roussef. É foto de mentirinha, custa 30 reais, mas você poderá pendurá-la na parede da sala e ficar contando para as visitas que é "assim" com os dois ;

- Com toda a pompa, Serra lança hoje o programa que ele odeia seja chamado de "PAC paulista". Mas que o apelido foi muito bem sacado, lá isso foi. O pacote de medidas visa a estimular a economia paulista, desonerar investimentos e preservar empregos, igualzinho ao PAC nacional que coloca o Estado como agente indutor de investimentos e empregos privados;

- ACM Neto é eleito corregedor da Câmara. Mas isto é motivo de polegar pra cima ? a genética, afinal, não lhe é muito favorável, com todo o respeito aos que não se encontram mais por aqui. Mas vamos oferecer ao rapaz um voto de confiança, até mesmo porque, pior que o ex-corregedor Edmar Moreira, é impossível ser. Em todo caso, vou acionar meus contatos baianos para obter maiores referências ;

- Já é alguma coisa . Michel Temer, sob pressão, resolveu acelerar a liberação de dados sobre notas fiscais apresentadas pelos deputados federais. Mas o primeiro-secretário da mesa, o tucano de Minas Gerais, Rafael Guerra, já declarou : só daqui pra frente. Traduzindo, quem já fez malandragem, se considere anistiado... .




- Continua a barbárie : duas calouras da Fundação Educacional de Santa Fé do Sul ( SP ) foram hospitalizadas vítimas de queimaduras com ácido. Uma delas está grávida e os médicos avaliam se o bebê foi afetado. Até quando ? ;

- Mais um round na luta Serra X Aécio. Não seria mais elegante se ambos se desafiassem para um duelo, com direito a padrinhos e tudo o mais, como antigamente se fazia ? o mineiro quer antecipar, do final de junho para março agora, as prévias para escolha do candidato tucano. Ou é blefe, ou o sobrinho de Tancredo está se considerando forte na parada ;

- As eleições em Israel estão levando a negociações políticas capazes de fazer misturar no mesmo prato feijoada com pudim de leite. Mas o que interessa mesmo é saber se o desejo de reagir aos foguetes do Hamas com bombardeios irá continuar, ou se poderá haver algum ganho em relação à paz ;

- Menos mal por aqui. Segundo informa a Folha de São Paulo, em 1990, quando Hugo Chávez assumiu o poder, Brasil e Venezuela tinham a mesma taxa de homicídios : 25 para 100 000 habitantes. Dez anos após, enquanto os índices brasileiros caíram levemente, no país caribenho a média de assassinatos mais do que dobrou. Na semana passada, questionado sobre o problema pela CNN, Chávez minimizou o problema : " tenho 54 anos e nunca me aconteceu nada " . Pano rápido !

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

A VELHA CASA DA MOURARIA


Morando no Rio de Janeiro, na célebre Rua Toneleros, aquela mesma onde se deu o atentado a Carlos Lacerda que resultou no suicídio de Vargas, todos os meses de fevereiro partíamos de férias familiares para Salvador, onde ficávamos hospedados na "Casa Grande" do meu avô paterno. Lá havia um clima que daria um ótimo argumento ao Gabriel Garcia Marques. Para mim, então na fase de sete/ oito/ nove anos, as férias ali eram um paraíso. Moravam com o meu avô, já então viúvo, duas filhas solteiras, uma outra que havia ficado viúva com quatro e depois três filhos, o meu tio Fernando, igualmente viúvo e com duas filhas, depois uma ( perdi duas primas, crianças, que faleceram vítimas de afogamento num trágico pic-nic familiar na praia do Rio Vermelho), mais uma irmã do meu avô,a bondosa tia Honorina, que havia ficado cega e passava o seu tempo rezando terços e mais terços. Além dos aqui lembrados, havia sempre alguns outros agregados que se acomodavam pelos nove quartos da casa, contando apenas os que ficavam no andar superior.

A casa tinha salas e mais salas, umas levando a outras, com direito à capela que permanecia fechada, exceto em dias especiais, assim como um salão reservado às grandes ocasiões, equipado com diversos jogos de sofás e cadeiras e um finíssimo piano meia-cauda. Este cômodo de imensas janelas dava para a calçada. Do quintal, um mini-bosque, nem é bom falar. Meu avô era o que se podia chamar de pioneiro do ecologismo, amava as plantas e as árvores e delas cuidava com denodado carinho nas suas horas de folga, subindo em escadas até perto dos noventa anos, para podar um pouco aqui, tirar um galho seco ali, amarrar alguma muda que lhe tivesse sido presenteada, etc. Não faltava também um sortido galinheiro, numa espécie de anexo lateral ao terreno, onde o acesso da "netaiada" era expressamente vetado.

Do outro lado da rua, a pequena mas muito aconchegante igreja de Santo Antônio da Mouraria, de quem o meu avô foi grande devoto o que , segundo nos conta a história familiar, determinou a sua decisão em comprar a tal casa, não sem grande sacrifício financeiro. Inesquecível, sem dúvida, era que do meu quarto, espichando o pescoço na janela, dava para espiar uma sala ao lado da igreja, onde eram realizados velórios. Ficávamos ali, as crianças, de longe espiando, fascinados e, na hora de dormir, vinha um imenso pavor. Naquele tempo, havia inofensivos fantasmas povoando as mentes infantis. Hoje, perigosos assaltantes.

Mas o sisudo e sério avô, homem de quem jamais ouvi uma gargalhada, era carinhoso e afetivo com os netos, deles aceitando paciente as correrias, os gritos e as brincadeiras. Todavia , algumas coisas eram expressamente proibidas naquela casa. Um exemplo ? baralhos . Nada de jogo, nem mesmo "burro deitado", "mico preto" ou ingenuidades da espécie.

No entanto, daquela época, o que mais me marcou, foi a forma como o meu avô era reverenciado por todos os seus nove filhos, genros, noras e netos. O meu pai, médico, um reconhecido intelectual, frequentador diário da roda liderada pelo grande educador Anísio Teixeira, já passado dos quarenta anos, ao ver o "velho Abreu", se perfilava circunspecto, estendia a mão e dizia : "a sua benção meu pai" e, com todo o respeito, beijava a mão paterna . "Deus lhe abençoe, meu filho" e estava cumprida a inquebrantável liturgia. E esse era o comportamento-padrão naquela família. Para mim, algo que gravei com grande carinho e de que me lembro quando assisto ao tratamento pouco respeitoso com que, nos tempos atuais, a maioria dos filhos costuma brindar os seus pais idosos.